PORTA PARA O ABSURDO

Que as horas se fodam e os minutos se tornem assassinos/o pontéiro é como um machado que não joga dados manipulados/A sombra das horas acalma os ossos/E todos aplaudem,nesse picadeiro que é a vida morta/ Quem vai falar ao absurdo? Eu? acho que não/ Quem vai apaziguar a minha fome inquieta de um segredo?Eu? Acho que não/ Vou fazer magias e solucionar teoremas, trancados em garrafas em que não possa ver o fundo, sem trancas e portas/A fechadura da minha existência não tem chaves /sem sombras nem amarraduras /Sigo o caminho da minha eterna amargura/eu sou como uma centopéia com mais de dez mil braços e seis mil escamas contorcidas em falanges de misérias abandonadas sem credos e religiões /Sem sacerdotes, nem padres/Comungo entre hóstias demoníacas sem pele, seres moribundos decaídos sem palavra /Quê o absurdo faça a sua palavra e narre seus dias e nos conte,como faz para existir e viver . Escutem o ranger da porta, o som agudo, rastejante.Cambaleia pelos nossos ouvidos/Quantos moribundos são necessários para fazer uma tragédia?Não quero dar respostas apenas, fechem à porta!Fechem à porta!

Por João Henrique

VAGO, INÚTIL E TORPE - Com carinho, à todos os hipócritas


E quando sai o sol de amanhã

Quem já pergunta o que passou?

Quem nos faz além do que seremos?

Quem em vil desespero se alegra?


Em toda espada cria-se o suspense

De quem, frente a frente, não a teme

Porque o conflito é o mestre da verdade


E em todo vazio cria-se

De algo, em vácuo, em oco,

A latência eterna da esperança que nos alimenta


Pobres dos que saceiam-se com o muito

Pois serão vazios impreenchíveis


Pobres dos que enchem-se sem prazer

Pois serão sempre a mentira em partículas mortas


Salvos os que não aceitam mais que suas vontades

Nem menos que suas ambições

E não se negam, nunca

A assumirem, em grande alegria,

suas carnes, medos, dores e ódios.


ESDRAS PAIVA OLIVEIRA
09/05/2008

Intenções de poesia


[...]A chuva despertando o passado Inventa o amanhã que não quer chegar.Suas cores, ritmos e nomesSeu inatingível desejo de felicidadeQue estremece sobre o colo da menina morta.Agora é noite,E o sono dos dragões libertam borboletasQue agitam o silêncio E zombam dos dragões adormecidosSobrevoando a escuridão sem temer o fogo.Enquanto a pequenina aranha urde o assombroTece a luz do medo no céu espavorido das borboletas.Vôo de facas e ventos de amputaçãoA noite partida das borboletasNavalhas multicores, asas em transe.... e os dragões sonham com borboletas no liquidificador

por Ronald Freitas

Sem rosto e Faminto


Quando o desequilíbrio humano amanhecer cheio de ódio/E os propósitos estiverem alinhados na posição morta/ O Faminto e o Sem rosto anunciarem o levante/A revolta ira parir um novo tipo de homem/Sem verdade, propaganda santa e certeza. Os livros não tem mais o que ensinar/O osso ficou oco/Profetas ficam roucos/Neste mundo louco/O sem rosto traz no saco mil rostos para pregar nas paredes/Agonia, agonia de quem via/Foi assim que um rosto cuspiu em outro rosto.Causando em todos um enorme desgosto /Faminto faz tranças com as tripas/As tripas de faminto trançam sua miséria/E essa fome só vai passar/Quando sem rosto e faminto roerem o osso do fêmur de deus.

João Henrique Ferreira de Oliveira
 
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