Vida

foto:Grupo Teatral Farinha Seca

Histórias de vento, contos de areia, memórias do mar, dores do sol. Moscas varejeiras que circulam sob meu cérebro e se alimentam da podridão de minha alma, fecundam a lama que se acumula em minha boca com o que há de vivo, com o que há de vil, com o que há... Vida! Essa velha bandida que nos dá o que não queremos, que nos serve o que não devemos recusar... Vida! Quando me trouxeram a cabeça em uma bandeja eu ri, ri de mim e ri do mundo. Meu velho amigo, meu velho falso amigo, pra onde caminhamos nesses dias turvos? Para onde vamos enquanto não temos para onde ir? Estaríamos melhor inertes? Plantados sobre o Monte Zion a observar a chuva de balas? Minha cabeça dói! Meu coração encerra uma velha maldição... Eu sei que estou perdido, mas quem não está?! Então, prefiro semear a terra com meus olhos e regar com sangue, meu sangue e o sangue de meu filho. Mas não nutra esperanças vãs, afinal ainda estamos vivos

Edson xavier Ferreira

Ode ao cigarro




A você que alivia minha tensão.
A você que faz subir minha pressão.
Fode e desgraça meu coração.
Suja e aniquila meu pulmão.

'Amigo' sempre presente na hora difícil.
Alimenta e satisfaz o meu vício.
Trás nos momentos de solidão, benefício.
Depois a tosse, o câncer, o suplício.

Não consigo mais me separar de você.
Sem te ter nas mãos e pulmões, não consigo me entreter.
Nem acalmar o meu constante desespero,
Se não sinto sua fumaça, seu cheiro.

Um dia morrerei por sua causa(ou não).
Mas enquanto esse dia não chega,
Contamino a podridão do meu corpo,
Sossego os martírios da minha alma.

POR ELKSON

PARTES E TODOS


Lanugens são deixadas pra trás.
Tuas penduras me satisfazem.
Cada rastro seu merece perseguição.
Adereços responsáveis pela minha tardia vida.
Teus ornatos, Meu cordão umbilical.
Meus adornos são simples.
Sentimento enredado, Solução simples.
Jogue-me em ti, Me chame de teu.
Teus atalhos, Multidões avassaladoras.
Sem ti, Aflição crônica. Mundo anacrônico!
Se és chave, amo teu chaveiro.
Se és geladeira, amo teus ímas.
Quanto as chaves e geladeiras, sobejo extremo.

Mozer Ramos
15/01/08
 
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