A — CA— DE — MI— CUS!

A — CA— DE — MI— CUS!

Academi-cus!
Quanta poesia desperdiçada
Tudo que não é academicus
é vanglória infundada.


Academicus nus pícaros homéricos
Sua sapiência tornou-se branda
O conhecimento rasgando o abismo
Dialética das duas bandas.


Virtuoso proceder hermético!
A Comprovação é empírica.
Separando o C do U
Faz-se ciência lírica.
No plano cartesiano
Sancho Pança está correto
Desnuda-se a verdade
pelo Caleidoscópio Reto.


Viva o plural!
S, recurso para outros us.
Quantos anus é preciso
para tornar-se academicus?
Anos! Muitos anos! Árduos anos de labutação.


Labutaram muitos anos
Hoje eles são PH.Ds
De tanto labutarem
Na cabeça entra sem doer.

Não há mais cabresto
Chegou ao magma da próstata
Já vislumbram o arco-íris
Verbalização pedagógica!


Senhores da Verdade
Ignorância impossibilidade tola
Zen no cume apoiados
No éden auscultam a rola:

Piu-piu!
Academicus...!
Ivan Santana

As Trevas, a Luz e a Cegueira das Luzes




I – Renascer entre Brumas

Dante teria razão?
É preciso morrer
Em Galileu Kepler Copérnico...
Ser humano em Guiotto.
Mostrarei a dor dos deuses e apodrecerei em Shakespeare.
Não há veneno o bastante para isso, me diz Julieta.
Modernidade, é preciso perder-se de ser puro.
Mas nem todas as noites são propícias.
Nem todos os Tempos.

Transar Vênus.
Ser profano: pagão de alma que fomos.
E vaguear feito eterno Quixote que somos.
Sem nenhum dom.
Dante teria Razão?
Esqueçam os moinhos.
Agora demoliremos prédios e máquinas.
De nossas espadas voadoras
Coagula-se uma possível, humm... deixe-me ver, (...) uma possível... idéia fresca de Liberdade.

Ser realista ou maquiavélico:
Temido ou amado? - não sei.
Um simples toque de Miguelangelo... é necessária a vida.
Educar-me na escola de Sanzio
E perceber que tanta descoberta
Torna o homem cretino e despreocupadamente vazio.
Por que plantou Deus tantas árvores no mundo?
Talvez tivesse Ele uma antevisão do renascimento.
Dante teria razão.

II - Então se fez Luz

Há quem não leia Rousseau
E é por isso que tento me precaver contra os homens.
Posso gritar Voltaire
Minha voz é livre nos tempos modernos mas nem todos os ouvidos seguem o tempo.
E a Democracia faz da Liberdade uma velha paralítica e banguela.
Assim como nem todas as liberdades são concretas.
Vejo uma modernidade em cárcere atar-se a uma dinastia esquecida.
Ser informal em Mozart.
Não falarei nem do lobo nem do homem... deixe que se destruam.
Pois sou selvagem. Catedraticamente selvagem.
Acorde, Locke. É tempo de rebelar-me?


III - Anti-Arte???

E tudo isso é arte ciência e filosofia
É a nossa arte
A nossa ciência
E a nossa filosofia
É o que entendemos por arte ciência e filosofia
É o que nos sobrou da arte da ciência e da filosofia
E as transportamos em nossos hábitos
Com o transpassar dos Tempos
Em gestos despercebidos e confusos
Em vestes desprovidas de coloração
E tudo isso é enfadonhamente chato
E desesperadamente triste:
- pretensiosamente inaudito
Quero ser pop
Ouvir o ruído do público
Morrer de overdose
E ter a cara transfigurada
Num quadro assinado pelo Andy Warhol
Vendo minha alma se for preciso
Enterremos a Arte para que ela possa germinar
Com maior aspereza e exatidão
E a dizer mais, confirmo:
Dante é um moleque imbecil desprovido de razão
Que cumpre a morte à procura de sua amada
(como tantos outros)
Como se nenhuma outra trepada
Fosse suficientemente satisfatória
A seus paus mal usados.
É necessário esquecê-los
E devorá-los em criptomnésia.
Então: sepultemos a Arte de uma vez
Ou é necessário que aguardemos a chegada de um novo Messias?
Um Messias das Artes
Que morra por nós
E nos faça sentir culpa de tudo isso.

Rafael Sarajevo
 
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