IN EXTREMIS

In Extremis

“Oh!Sejamos pornográficos,
(docemente pornográficos)” Drummond
A pele ferve todo sal e a ferrugem,
Teu sexo abriga o ninho de cem escorpiões.
Quanta saliva é preciso para escrever este poema?
Os lábios roçam teu mamilo e a ponta dos dedos imprime dor
Indefesos, solitários...
O gosto de leite inundando a boca escorre morno
E a língua cega percorre o trilho de mel.
A flor se abre no jardim proibido e atiro a chave ao infinito.
A menina com o rosto colado ao travesseiro entrega-se ao merecido
castigo
Dois inocentes colorindo a perversão.
Tua nudez é espetáculo para as mãos.
Os dedos cavam o gozo profundo,
Entre gemidos e aleluias invocamos todos os anjos
Celebramos a liturgia dos desesperados.
Sofregamente sorvo a taça de prata
O líquido quente lava meu rosto e eis que se anuncia o meu batismo.
Galopa pequena teu corcel em brasa,
Crava os dentes em meu dorso nu
Sangra a ferida exposta... lambe as nossas culpas.

FREITAS,Ronald.Intenções de Poesia. 2010

PALAVRAS CÍNICAS

COM 46 REEDIÇÕES, FOI UM DOS LIVROS MAIS VENDIDOS EM PORTUGAL NO SÉCULO XX. Em 1905, Portugal conhecia, com espanto e admiração, a primeira de muitas edições de Palavras Cínicas. A publicação das oito cartas que compõem este livro deu origem a um leque de reacções do público, desde o aplauso fervoroso à condenação feroz. O pessimismo e a mordacidade do autor atingiram toda a sociedade portuguesa: o clericalismo enfatuado, a moral balofa, o populismo sabichão. Mais de cem anos depois, encontrarão estas cartas os mesmo destinatários? «A torpeza da vida não caberia em mil volumes como este. Que eu exagero?! Que eu exagero?! Patife, tu bem sabes que eu digo a verdade.
 
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