ESCAFANDRO NA LIBIDO DOS VAGA LUMES LOMBRADOS





Um sol castrado no horizonte límbico da putrefação cotidiana
Onde ventos nostálgicos sopram venenos do passado
No motor eólico do meu coração de energias renováveis.

Sentimentos descartáveis contribuem para o equilíbrio do planeta
No microcosmo de minhas idiossincrasias
Paralizados no macrocosmo da agonia e do desespero humano.

Arma na mão...
Roleta russa meu amor!!!!
A arma é meu irmão gêmeo siamês .

Fantasmas bocejam mudos
Na esquizofrenia de minhas sensações
Um gozo mais libidinoso que Sade
Palpita em meu corpo
Passeia em meus nervos frágeis
Me tiram do chão
Como uma crise de labirintite
Nos labirintos escafândricos na outra dimensão
Que se estende para além do corpo
Porém ainda nesse mundo...
Mergulho incerto na areia movediça de si mesmo
Nos inconcientes desejos Freudianos
Afundo, absorvo, implodo-me e exploro-me...
Vaga-lumes lombrados guiam-me escuridão a dentro
Dessa estrada turva
Que insinua a próxima curva bifurcada ladeira acima
Contra a corrente e na contra mão.
17/08/20011

Leidivan Maldito

SONHOS DE AMOR




Medonhas confidências fiz à lua,
A velha prostituta dos amantes,
Bebendo do meu copo, exposta e nua,
Permite-se ao desfrute das bacantes.

Orgástica e tão plena já flutua
Sangrando as ilusões mais delirantes.
Reflexos desta dama sobre a rua
Enganos falsificam diamantes.

Meus espermatozóides sem proveito,
Jogados nas latrinas da esperança.
Rolando, vou sozinho em velho leito

Arcando com meus erros. Grito amor,
Apenas o vazio inda me alcança
Lançando meus prazeres ao terror...

Marcos Loures

O cio da Terra


Terra que piso, terra que me sustenta,
Bendita terra que gera a semente...
Terra no cio,
Terra que inflama num grito
Na imensidão...
Ao parir cada parte de vida...
Nessa grandeza,
Sinto o cheiro da vida...
O rasgo que se rompe
Ao brotar de cada semente.
Água que sustenta os vegetais,
Sendo terra, tendo seiva,
Terra que amamenta sua criação...
Ovos fecundos dos passarinhos,
Vôos acasalados,
Cada qual com seu par,
Vejo os bem- te- vis,
Os canários,
Os sabiás e as juritis,
Ouça o cantar enamorado
Dos rouxinóis e dos pardais...
Em cada centímetro de terra tem cio,
A lontra no riacho quer gerar e quer parir...
O gado no pasto aumenta a criação...
Todos os mamíferos exalando cheiros no ar...
Onde mais uma vez a terra grita que tudo tem cio...
O cavalo selvagem corre rompendo fronteiras,
Vai à busca do seu par, para poder também acasalar...
O céu está coberto de pontos voadores, são insetos unidos
Copulando em pleno ar...
E a terra grita que está em criação...
A mulher quer ser mãe, óvulo fecundo,
Pare no leito e ouve sua cria chorar...
Tudo coopera para essa criação,
Ouça o som dos ventos nas árvores,
Levando os polens fecundos para outra árvore gerar...
Heis a semente, que rasga a terra, que brota no chão,
Rompe o hímen do chão quando decide procriar...
Bendita terra que gera que está sempre em criação,
Veja, sente, ouça tudo na terra mostra o seu cio...
E que o homem com as suas mãos maléficas de destruição,
Não ponha fim a essa constante renovação...
Terra que piso, terra que é o meu chão,
Terra que é mãe natureza...
Pego o meu torrão quero fazer parte dessa criação.

DEUNICE MARIA ANDRADE DE LIMA.

Entrevista


É UM DEVER DO BLOG DIVULGAR AS CABEÇAS POÉTICAS DE NOSSA REGIÃO.DESSA VEZ TEMOS RONALD FREITAS POETA PRESTES A LANÇAR SEU “CORPO AFLITO ”
F.C- Sei que seu pai foi um ávido leitor quais suas primeiras lembranças dessa época e de que forma isso o afetou?
Inegavelmente a presença da literatura confunde-se com a minha mais grata recordação... a figura sempre grave de meu pai e um mundo muito maior do que eu, mundo de contendas políticas, conversas de gente grande, pessoas “importantes” que volta e meia frequentavam minha casa, me distanciavam muito do colo paterno. Por volta dos dez anos, e meu pai já afastado da política passamos a ter um contato mais próximo, parte desse convívio devo ao Flamengo e os jogos que acompanhávamos juntos pela tv e pelo rádio ( lembra da rádio globo que só a partir das 18 horas apresentava algum sinal, acredita que hoje em dia ainda seja assim ). Dessa época o jogo de damas, os filmes de Charles Bronson e o gosto pela madrugada. Posso dizer que influência intencional nunca existiu, talvez pelo fato de não ter havido tempo hábil, posto que quando o perdi ainda não tinha completado dezoito anos. Mas posso dizer que a figura de meu pai sempre às volta com a leitura, seus livros, jornais, guardião do português mais castiço em seus memoráveis discursos, como orador virtuoso e professor, deixaram-me profunda impressão. Recordo-me apenas do único livro que me indicou, e ali por volta dos quinze, dezesseis, talvez tentando impressioná-lo, despertar sua atenção, surgiram as primeiras leituras de fôlego, como Dostoiévski , Herman Hess e o célebre Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, que de certo para você também foi um livro de referência. Ingressávamos ali no mundo dos “intelectuais” ( risos ). Voltando a única indicação, o livro era a “ Guerra do Fim do Mundo de Mário Vargas Llosa, lembro-me perfeitamente quando me disse que depois de Euclides da Cunha foi quem com maior veracidade e grandeza retratou o cenário da Guerra de Canudos... tinha grande paixão por esse livro, como também por um compêndio chamado “Discursos Parlamentares de Carlos Lacerda” ... Jorge Amado também era leitura obrigatória. Com a sua ausência, restou-me toda essa biblioteca, a impressão mais funda e uma lacuna que curiosamente foi preenchida por um sujeito que você também conhece muito bem, alguém chamado Hélio Cerqueira, o nosso Velho Harry, o nosso Karamazov, o nosso héroi-alucinado, Helinho. Mas essa já é uma outra história. ( risos )
F.C- Sempre nos reuníamos nas noitadas regadas a bebidas e delas surgiram boas poesias. Quero que você nos conte algo que o marcou .
Tempo memorável, de tantas descobertas e questionamentos, tempo de grandes incertezas ( que hoje tornaram-se ainda maiores para mim )... devo considerar que traço mais marcante dos primeiros versos tinha a cor escura e alucinada do bom e velho Augusto dos Anjos, esse foi como um soco no estômago, lembro-me de Cruz e Souza e de um trecho riscado a lápis de cera na parede do meu quarto “ flores sangrenta do soturno vício...”, lembro-me dos poemas marcados pela brasa do cigarro, dos sonetos de Eraldo escritos em qualquer canto, da poesia de Marco Doido. Recordo-me da vodca de muitas madrugadas, de uma sociedade que embora nunca tenha existido oficialmente era bastante disciplinada em suas reuniões.
F.C- Vamos pra duas perguntas de praxe : Quais as suas influencias na hora de escrever? E qual a utilidade da poesia no mundo de hoje ?
Posso dizer que Manuel Bandeira foi meu primeiro alumbramento... quando li “Os Sapos” num fascículo chamado literatura comentada. Depois vieram as escolas literárias do ensino médio, e outros nomes passaram a povoar meu universo. Pessoa, Drummond, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza, Florbela Espanca, Ferreira Goulart, Vinícius, Quintana... Raniery Caetano, conterrâneo e grande amigo que trouxe a poesia para perto de mim. Posto que os grande vates pertenciam ao Olimpo inacessível, e de repente um sujeito de minha cidade publica um livro chamado “Apologia das Águas”, o que de certa forma foi um convite aos primeiros rabiscos de poesia. Hoje todos estes que citei continuam a fazer parte das minhas leituras obrigatórias... no momento posso incluir Manoel de Barros ( sujeito que entortou minha poesia de azul ). Quando a utilidade desta, posso dizer que para mim tem valor desmedido, escrevo pra fugir da loucura, distrair o tédio, descobrir novas cores, inventar outras. A poesia me livra da solidão e da mediocridade.
F.C- Você acha que o mundo ainda precisa de um poeta?
Quanto a isso não tenho a menor dúvida, e felizmente eles ainda assombram a realidade dominante. O poeta é vidente no seu tempo, enxerga paragens ainda desconhecidas, não hesita em escarafunchar a ferida exposta... é o dedo da criança que denuncia que o rei está nú. Afora seu poder de tornar o mundo ainda maior... dentro e fora de nós mesmos.
F.C- E seu livro como anda seu lançamento? Tem procurado editora?
Sabes o quanto é difícil editar nesse país, no caso da poesia acredito que os caminhos sejam ainda mais estreitos. No momento tenho mantido contato com duas editoras paulistas e aguardando o valor que caiba no meu orçamento, já que de outra forma morreremos anônimos ( risos ).
F.C- Qual o cheiro da suas palavras? Que sentimentos procura passar?
Porra bicho, minha palavra cheira a tanta coisa... cheira a precipício, paixão, sexo, saudade. Minha palavra tem o cheiro dos mais desesperados sentimentos da humanidade.
F.C- Recentemente você participou de uma coletânea com cinquenta poetas de todo país com a poesia ALUMBRAMENTO, e foi premiado com a primeiro lugar num outro concurso que lhe rendeu inclusive uma premiação em dinheiro. Que representa tais menções?
Curiosamente eu nem lembrava desse concurso promovido pela Flipoços-MG na feira do livro de Poços de Caldas... fiquei surpreso quando fui contactado por eles e tive esse poema publicado nessa antologia que teve a participação de cinquenta autores conforme você citou. Independente da seleção entre dois mil autores, o que me encantou verdadeiramente foi a poesia impressa, vê-la assumir a forma de texto impresso na condição de livro. Pela primeira vez me senti verdadeiramente autor, afora o nível da obra como um todo. Esse que me rendeu algum dividendo financeiro foi realizado em São Paulo e em âmbito nacional, posso dizer que pela primeira vez a poesia me trouxe algum dinheiro e acho que poderei comprar alguns livros e cometer algumas extravagâncias ( risos ).
F.C-Qual a sua relação com a internet no tocante a divulgação do seu trabalho.
Cara, praticamente restringe-se a uma comunidade que gerencio numa rede social. Ali posto vez em quando alguns rascunhos e comento outros que recebo. É um ponto de encontro para uma minoria afeita a palavra poética, uma esquina pra poesia.
F.C- Fazendo uma auto-crítica sobre seu trabalho. Você poderia nos dizer em que grau de maturidade ele se encontra?
Não poderia, mas de alguma forma sinto que o amadurecimento é resultado do alargamento de nossas leituras, do contato com outras letras e por conseguinte com o exercício constante da escrita... de resto, palavra puxa palavra.
F.C- Deixe o seu último sorriso.O  seu recado.
Só agradecer o convite do Fantascópio Cariri por poder falar livremente sobre algo que tanto me motiva. Dizer aqueles que escrevem na penumbra que exponham à crítica seus textos, que falem de poesia sem qualquer pudor, que a levem para o centro da praça, para os mais distantes rincões. Que não se apartem da função social da mesma, do seu caráter de denúncia, e que esta possa tornar mais belo o mundo a nossa volta, as pessoas a nossa volta... ou ainda, pra lembrar Quintana “ Quem faz um poema salva um afogado ”... então que nossas braçadas não cessem, ainda que a praia não esteja vista.

O suicida



O suicida caminha cabisbaixo

Percebe o fracasso,planeja e advinha

Esse ator de platéia vazia contempla

Que lhe escolhe deslumbra o delírio

Tenta fugir da nostalgia.

É o corsário que por mares desconhecidos

Por pântanos cotidianos e desertos vividos.Silencia-se ao espelho

O suicida é o mesmo paranóico de ontem,de frases e gestos

Arrependidos,por pálpebras sonolentas veste o cansaço.

É o cálcio que sustenta os ossos miseráveis da cabeça e o fio de cabelo que se desintegra

Agrega-se aos demônios ,que aos ouvidos sopram-lhe palavras lúcidas.

O suicida é a criança de hoje e o louco de manhã

É a negra sombra do telhado que acorrenta o olhar

É um corpo aparado ,pode estar em qualquer lugar.

Por Talbert Igor

O QUE ESTOU LENDO


EU FIQUEI DEVENDO A LEITURA COMPLETA DESSE PETARDO. HAVIA LIDO NA FACULDADE DE FORMA FRACIONADA PELAS APOSTILAS DA VIDA .INDISPENSÁVEL E OBRIGATÓRIO.O BREVE SÉCULO XX VISTO PELA ÓTICA DE UM DOS MAIORES HISTORIADORES VIVOS DA ATUALIDADE.

TELOS TRANSGRESSÃO



Chopin rodopiando suavemente
Nos quatro ventos do meu coração
Esplêndido nada sincronizado do romances
E dos relacionamentos exibidos na novela das seis
Pathos correndo em minhas veias
Feito dionisius vinho impúdico em minha garganta
Minhas idiossincrasias enclausuradas
Na gruta noturna de minha inconsciência
Minha juventude dorme nas mãos esquecidas de deus
Pagão confesso partidário do caos
Aves noturnas da morte
Aves de rapina de minhas selvagens impressões
Enclausuradas e torturadas em meu universo paralelo
Cheio de contradições e contravenções e contra convenções
Nascidos da veemência fremente
Do meu telos transgressão
Poetizar é perverter e submeter ao extremo a subversão
Mistificar o absurdo e crucificar as palavras
A um culto patológico e dogmático
Como os delírios das religiões e das ciências
Em meus sonhos eu vejo o céu sangrando
E anjos sequestrados trocados pela liberdade anarquista
Que a arte reivindica e necessita
Eu vejo um labirinto caindo do décimo terceiro andar
Garganta a dentro do meu corpo
Hospedeiro do caos teofânico da poesia libertina.

POR LEIDIVAN RODRIGUES

Estômago dos Deuses

FOTO: Olavo Saldanha



Lepras chamadas de gente

Presas em seus divinos prantos

Rangem seus dentes mancos

Aguardando o Deus Fome.


Ave ! ave! Faminem


Fome ,famintos

Mortos de fome

Vivos de fome.

Templos de tripas

Hóstias de lixo

Missas na rua

Vigários mendigos.


Ave! Ave! Faminem


A fome de viver

Morreu de fome

Mas, os famélicos ainda vivem com fome

Para esfaimar-se nas calçadas

Até que a fome morra de inanição.

João Henrique

 
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