ASSOMBRAÇÃO
"O futuro do poeta é ser uma assombração"
( André Bréton )
Olhem só que linda , rara e exótica espécime em vias de extinção.
Essa abominável assombração, como preverá Bréton,
Ainda continua viva (embora moribunda e coxa)
A assombrar os incautos.
E quão grande é a estranheza com que os olhos comuns reagem
Ao se depararem com essa esdrúxula,efêmera e fenomenal figura incotidiana,
Fora de contexto e desgastada pelo desuso e esquecimento.
mas tú vives ainda...
Ò desafortunado, incompreendido e maldito poeta!
Mil vezes maldito és tú, ó pitoresco sobrevivente!
Todos te olham feito turistas em terras desconhecidas.
És tú poeta que, estoicamente habitas esse mero depósito de gente
Que são as cidades tão vazias e inexpressíveis sem a tua arte...
Um dionisíaco brinde a ti, poeta!
resistente sobrevivente das trevas,
Da lúgubre e fria escuridão pútrida
Que é o esquecimento inerte dessa nossa pobre gente.
Amaldiçoado como a alma de um suicida
Vagando esquecido no limbo.
Audacioso a nadar num dia frio, ao esquecimento do sol
Nas águas infernais do Aqueronte.
Ès tú poeta, que desafias o mundo
Criando um novo mundo com a tua profana arte,
Escrevendo sozinho a luz de fúnebres velas...
Ò chama maldita que ilumina os obscuros caminhos
Dessa vida mal-me quer!
E no infame exercício desse profano ofício
Tornas-te a tua vida num estado de loucura e êxtase permanente.
"De profundis clamabo", "ad majorem gloriam ad te!"
ò meu igual, minha ponte quebrada no labirinto do caos!
POR Leidivan Maldito
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