CANSAÇO DAS ERAS

Vamos marchar em direção as nossas feridas
Semear agulhas por entre corações cansados
Desfilar nossas infelicidades
Purgar mazelas em bares amarelos
Não me apresentei devidamente
Me chamo Cansaço das Eras
Viajei por entre mundos tortos
Vi espadas nas mãos de santos
Confissões sem padres
Condenações sem réu
Inquisições para inocentes
O gosto da poeira
O sabor da dor
Andei entre doidos e mendigos
Li para ascetas e degenerados
Como estou exausto desse eterno retorno
Peles e ossos cansados , sorrisos em areia movediça
Eles são sempre os mesmo de outrora
Fracos, pálidos ,sem cor
Eles sempre são os mesmos
Os anos caminham e pessoas correm
O aço atravessa a carne
E a guerra passa na televisão.


Sou o Cansaço que fustiga a lepra que separa o homem do monstro
Sou o estandarte que simboliza o nada
O cruzado arrependido sem pátria

Estou cansado das mesmas eras
Do passar enjoativo da humanidade

Tenho que me entregar ao sono monossilábico
ao entrevero banal , prolixo
Desses santos corcundas.

Pois só assim vou compreender a raça humana
Apenas a ressaca sepulcral de todos os mundos pode me deixar cansado.

JOÃO HENRIQUE

1 comentários:

  1. Anônimo disse...:

    Linda poesia joao.



    Recanto de ecletismo inspirativo, e uma dádiva de graças poéticas.



    Abraços.Esdras Paiva

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