METAMORFOSE

O poeta é autoflagelo
Carne dilacerada
Alma que se desnuda
Mil capas entranhadas.

O poeta é ferida aberta
Corpo exposto
Consciência da dor
Inconsciência de si.

O poeta está no mundo
O mundo dentro dele
A poesia dentro dele
Realidade transpirada.

O poeta é um ovo?
A clara? A gema?
Poeta é casca
Completa sensibilidade!

Masoquista!
Narcisista!
Exibicionista!
Ilusionista?

Poeta é inflamação
Hiroshima Nagasaki
Implosão mal planejada.

Pés aleijados
Caminho reto.
Mãos aleijadas
Poesia errante.

Poeta é raiz em terra estranha
Alimenta-se de nutrientes e poluentes
Não distingue as pedras que apanha.

Misto de amor e sanha
Um formigueiro na alma
Na mente: sarcasmo de aranha.

O tempo é mestre que ensina
Deslembrando um pouco de cada vez
Cada ruga, um cravo do calvário
Vulgar ironia, que desfaçatez!

Gregor Sansa meu espelho
Há no poeta mil kafkas
Não estranhe este rosto feio
Pois sou Eu com tuas marcas.

IVAN SANTANA

0 comentários:

Postar um comentário

 
FANTASCÓPIO CARIRI © 2010 | Designer by Martins WEB DESIGNER