IN EXTREMIS

In Extremis

“Oh!Sejamos pornográficos,
(docemente pornográficos)” Drummond
A pele ferve todo sal e a ferrugem,
Teu sexo abriga o ninho de cem escorpiões.
Quanta saliva é preciso para escrever este poema?
Os lábios roçam teu mamilo e a ponta dos dedos imprime dor
Indefesos, solitários...
O gosto de leite inundando a boca escorre morno
E a língua cega percorre o trilho de mel.
A flor se abre no jardim proibido e atiro a chave ao infinito.
A menina com o rosto colado ao travesseiro entrega-se ao merecido
castigo
Dois inocentes colorindo a perversão.
Tua nudez é espetáculo para as mãos.
Os dedos cavam o gozo profundo,
Entre gemidos e aleluias invocamos todos os anjos
Celebramos a liturgia dos desesperados.
Sofregamente sorvo a taça de prata
O líquido quente lava meu rosto e eis que se anuncia o meu batismo.
Galopa pequena teu corcel em brasa,
Crava os dentes em meu dorso nu
Sangra a ferida exposta... lambe as nossas culpas.

FREITAS,Ronald.Intenções de Poesia. 2010

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