JARDINS DE MÁGOAS



“Criar uma pequena flor

exige um trabalho de séculos”

(William Blake)


Tulipas banguelas acenam amputadas nos jardins de mágoas

Trava o artista a sua árdua batalha expressiva em busca da leveza

Bailando por sobre as intempéries da vida

Demências tangidas demências vividas demências desejadas

Calor etéreo transpira o corpo nordestino

O sol que incomoda transborda o céu de luminosidade expressiva

Melancolia me domina me atravessa noite á dentro

Como um projétil ruidoso

Insônias pesadelos e palpitações noturnas e febre

Prenunciam a presença do diabo que me tenta ao suicídio

Todos os homens estão fadados a morrer

Ou como diria Becket :


"Todos temos de nos conformar pois o inferno nos aguarda"


Além da estrada e para além do túmulo post mortem

Mas nenhuma transcendência me amedronta ou me provoca

Tanto quanto a vida tal qual ela é

The dark side of the moon

A noite persiste com seus demônios alados fustigando-me

Feito pernilongos a perturbar-me o sono

A noite desperta o artista sonâmbulo de inquietações

Delirium tremens bombardeiam o tédio

Venenos de eletricidade açoitam meu corpo hedonista

Torturado como um comunista nos porões do DOI-CODI

E eu falava em tulipas flores decepadas carnívoras e murchas

Adornam os jardins dos morros narcóticos

A guerra civil banha em vermelho

O sol da tarde inútil de domingo

Que cheira a tédio e a naftalina

Escuto o rap-requiem das favelas chapadas de Armagedom

E ao som de violinos distorcidos e toscos

Adormeço no caos silencioso e eloquente

Do inferno Kafkiano que habita em mim.

Por Leidivan Rodrigues

Barbalha, 201O.

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