ENTREVISTA : Paulo Cesar

    Mais um vez o blog assume seu compromisso de garimpar os CEIFADORES DE PALAVRAS .Nessa entrevista Paulo Cesar expõe sua poesia sua alma, nessas linhas abaixo.Policial é poeta, ser humano de sentimentos únicos .


  • 1.Como a cidade de Cipó influenciou sua poesia ?
  • PC
  • Sou nativo desta Terra-Mãe, nascedouro das águas termais, bem como catador de versos por natureza, creio na pluralidade da existência, o que diga-se de passagem não foi por mero acaso nem encanto da natureza termos nos achado aqui nesse celeiro invisível e também de boa visibilidade aos olhos e senso comum. A energia de Caldas de Cipó, a Praça Juracy Magalhães, o rio quase morto (mas que ainda sobrevive arranhando os lábios de nossa mãe termal) o povo, nossas raízes, nosso jeito sempre diferente de atravessar a ponte e até mesmo as mágoas pelo que não temos ou não fizemos para ter, enfim...o borbulhar do gênio silencioso que emerge da febre de nossas águas.
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  • 2.De que forma ocorreu seu despertar poético ?
  • PC
  • (risos) Lembro-me que quando ainda adolescente (criado por minha avó Nenê de João Bispo da Coelba), de posse de alguns livros antigos que meu avô João Bispo guardava em sua maletinha de madeira, nesse ínterim, eu contava com meus 13 pra 14 anos, fã dos versos de Drummond...”no meio do caminho tem uma pedra...”  daí que eu já me via a rabiscar uns versos sem pedir uma cerveja pra comungar aquele estágio, enfim tudo foi gradativo, e perceba que nunca fui um leitor assíduo. Sinto que essas raízes são profundas de modo que esse despertar é mesmo de outrora. Nessa seara deve ter acontecido mesmo de um estalo...que até hoje permanece estalando de quando em vez.
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  • 3.Faça um breve resumo  meu caro PC sobre sua carreira poética (obras)
  • PC
  • Então meu Professor de Filosofia, durante os anos que se seguiram desde os idos de 1980 fui amontoando cadernos e rascunhos, manuscritos, recortes, conflitos íntimos, vivências, peças teatrais e nos idos lá de 1998 publicamos junto a gráfica bonfim meu primeiro livro de poesias intitulado: UM POUCO DE TUDO, que aliás de tudo mesmo ficou bem pouco, pois das 500 (quinhentas cópias) cerca de 300 delas transformaram-se em cinzas quando do incêndio do meu primeiro automóvel...isto ocorreu na cidade de Governador Mangabeira (recôncavo baiano) que a bem da verdade eu vinha do lançamento na cidade de Maragogipe-Bahia (na casa dos artistas, à época) com o objetivo de lançar também em nossa Terra-Mãe.
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  • Anos se passaram e como a fonte nunca seca, após as virações e inquietações termais como de sempre, ressurge das cinzas IMPRESSÕES DIGITAIS (rabiscos&poesias) lançado pela editora Seven System (São Paulo), o que não me deixou satisfeito haja vista a obra existir de modo virtual (lapso meu, que devido a tormenta de emoções, deixei de observar algumas cláusulas do contrato no momento da assinatura) ver: www.biblioteca24horas.com, além do que o preço estipulado pelos editores (versão impressa), não condiz tanto com nossos padrões. Por hora estou a escrever contos e prosas, preparando o terreno para breve está com outra obra repleta de nuances “espíritalistas”, por conta da fase que estou atravessando, aliás faz 03(três) anos que me dedico a literatura espírita, escrevendo cartas, mensagens, poesias, textos espiritualistas sem qualquer entrave religioso nem beirar o fanatismo, aliás é no silêncio que tudo acontece. Gostaria de citar: Adenáuer Novaes, Martins Peralva, Chico Xavier e Divaldo Franco, cujas obras são indeléveis.
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  • 4.Lançar um livro da trabalho como sabemos. Nos conte como foi o processo do lançamento de "Impressões Digitas "
  • PC
  • Os editores me encontraram enquanto postava poesias no site www.mesadoeditor.com.br, à partir daí partiram para a análise dos escritos, que após esse processo procurei registrar as obrar, encaminhei em pdf para análise, respondi um longo questionário enfim. Meses após essa tramitação recebi o contrato em minha casa. Confesso que a emoção da primeira viagem foi tamanha que nem recordo de ter lido na íntegra o referido contrato. Fiquei entre os dez escritores selecionados por eles. Os custos são razoáveis, entre
  • 5.Uma curiosidade interessante é a escolha da sua profissão policial militar não que isto venha a desmerecê-lo, mas nos conte como é ser policial e poeta viver nesse dualismo constante.
  •  PC
  • (risos) Eu sabia que você ia me perguntar algo assim, mas te digo que de bom grado fui recebido nos quadros da Polícia Militar que após 04 anos estando como Soldado, ao deparar-me no Centro de Formação de Cabos Combatentes (1996) de pronto fui relacionado entre os atores-policiais amadores para fazer parte do elenco do grupo teatral que ali existia, tive a honra inefável de conhecer o Coronel Anhamur Correia (Diretor do Centro de Formação), Major Giffoni (relações públicas à época), Sgt Pereira (poeta e ator), seres que me fizeram ver de perto a polícia dos meus sonhos naquela época. A profissão nunca se constituiu um entrave para mim, como vate de modo algum. Aprendi a representar meu papel de servidor público e poeta do meu tempo sem constrangimentos nem olvidar tal ofício, que na essência é proteger a população a que me dedico a servir, de modo que a própria arte e o bom senso tem-me amparado sempre, me inspirado a trilhar este caminho com a firmeza necessária ao  cumprimento do meu dever e como disse Che Guevara: sem perder a ternura. Hoje me encontro Sargento da Polícia Militar atuando na administração sem qualquer interferência do meu ofício de policial na arte de escrever. Aproveito para convidar os leitores a visitar o memorial Professor Evandro Goes que fica na recepção de nosso quartel, sede da Vigésima Primeira Companhia localizada no Bairro Pitomba em nossa cidade.
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  • 6. O que ti inspira a escrever poesia ? 
  • PC
  • O pensamento que lateja dentro de mim. As pessoas. O silêncio.  Nossa Realidade. A musa que passa. Os espíritos que norteiam nosso senso de querer sempre o bem para nosso próximo.
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  • 7 . Cite seus escritores e poetas preferidos?
  • PC
  • Tem muita gente que escreve com as tintas do seu próprio sangue. João Henrique, por exemplo (Ossuário de palavras mal-ditas), Raniery (Apologia das Águas) Glaydston Machado (todas as suas obras), Verônica, Ronald, Ailton Dias, os rabiscos de Eraldo...e os caras lá de longe...como a introspectiva Clarice Lispector (A Hora da Estrela), ah!!! O Carlos Drummond, Fernando Pessoa, José Saramago, Patativa do Assará...pô bicho...tem muita gente bacana que o verso tá na frente da gente, em cada esquina, em cada despertar (fiquei emocionado agora...vou tomar uma água e já volto)
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  • 8. Atualmente esta fazendo alguma atividade ligada a literatura? Um novo livro a caminho? Ou enveredando por outros estilos ?
  • PC
  • Sim. Embora com o tempo corrido pra caramba...entre o trabalho e as atividades acadêmicas...você é testemunha ocular do que estou dizendo. Estou escrevendo sim...prosas, dissertações, mas como eu falei, um trabalho que reflete minha condição de alma na atualidade, muito embora sem pieguismos nem fanatismo...nem outros ismos do além-céu.

  • 9. Como você definiria sua escrita?
  • PC
  • Uma discreta metamorfose. Acho que é por aí. 
  • 10.
  •  Nesse mundo moderno você ainda acha que há espaço para a poesia principalmente entre os jovens?
  • PC
  • Sem dúvidas. Os jovens são a nossa riqueza. Abro um parêntese para uma ligeira reflexão. Ou nos armamos contra essa desaculturação musical inclusive, essa estagnação de valores, o adormecimento dos nossos espíritos do bem que garimpam em prol da arte poética, seja com promoção de semanas culturais, seja com até mesmo a proximidade entre nós poetas da terra e municípios circunvizinhos...publicação de uma coletânea inédita, divulgação do nosso trabalho nos meios de comunicação (me lembro que em 2006/2007 eu e o poeta Raniery apresentávamos o programa A NOVIDADE NO AR numa rádio em nossa cidade, sempre aos domingos), quem sabe a criação de nossa Academia, enfim meu caro, são tantas idéias luminosas que permeiam nosso orbe, que nos impõem a não desacreditar dessa premissa. A poesia é para todas as almas...inclusive dos jovens. Avançemos pois nessa simetria...SOMOS nós os intelectuais de HOJE.
  • 11. O espaço esta aberto para suas considerações finais
  •  ou agradecimentos enfim o que quiser meu caro P.C.
  • PC
  • Agradeço na sutileza do instante os questionamentos a mim dirigidos, o que para mim se constitui uma honra inefável, vez que não me furtaria a responder em qualquer tempo, posto que é a cultura nossa de cada dia que se aflora em poetas como você, meu ilustre professor de filosofia, poeta, conterrâneo e amigo das palavras certeiras. Considero-me partícipe dessa obra de arte, latente, pulsante e dotada de tanta ternura que alguns não se apercebem, já que as verdades travestidas de CERTAS VERDADES, não se coadunam tanto com a mesmice social em que vivemos (sem poupar adjetivos), refiro-me a sua preciosa obra: OSSUÁRIO DE PALAVRAS MAL-DITAS que li e ainda leio com atenção e carinho.
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  • Que possamos nos encontrar mais vezes e da próxima vez distante dos corredores da faculdade, de preferência junto a um barzinho sem poupar caneta e papel...alea jacta est. Saudações Literárias a todos os que concordam e discordam, aos indiferentes...a todos os poetas de Cipó e do mundo inteiro. Luz e Paz a todos. Fraterno Abraço. Finalizo com uma poeisa do meu livro IMPRESSÕES DIGITAIS.  

1 comentários:

  1. Pessoas como Paulo Cesar me fazem sentir orgulho da minha querida terra. A sua poesia relata coisas nossas, bem cipoenses com seus versos perfeitos e peculiares.
    Que a poesia vive e reine, pois como diria Fiódor Mikhailovich Dostoiévski: "A beleza salvará o mundo.". Nosso poeta com o seu esplêndido versejar torna o mundo mais belo, ou seja, o poeta completa a criação de Deus.
    Um grande e fraterno abraço ao querido amigo e Grande Poeta Paulo Cesar (A quem aplaudo de pé).

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