As Trevas, a Luz e a Cegueira das Luzes




I – Renascer entre Brumas

Dante teria razão?
É preciso morrer
Em Galileu Kepler Copérnico...
Ser humano em Guiotto.
Mostrarei a dor dos deuses e apodrecerei em Shakespeare.
Não há veneno o bastante para isso, me diz Julieta.
Modernidade, é preciso perder-se de ser puro.
Mas nem todas as noites são propícias.
Nem todos os Tempos.

Transar Vênus.
Ser profano: pagão de alma que fomos.
E vaguear feito eterno Quixote que somos.
Sem nenhum dom.
Dante teria Razão?
Esqueçam os moinhos.
Agora demoliremos prédios e máquinas.
De nossas espadas voadoras
Coagula-se uma possível, humm... deixe-me ver, (...) uma possível... idéia fresca de Liberdade.

Ser realista ou maquiavélico:
Temido ou amado? - não sei.
Um simples toque de Miguelangelo... é necessária a vida.
Educar-me na escola de Sanzio
E perceber que tanta descoberta
Torna o homem cretino e despreocupadamente vazio.
Por que plantou Deus tantas árvores no mundo?
Talvez tivesse Ele uma antevisão do renascimento.
Dante teria razão.

II - Então se fez Luz

Há quem não leia Rousseau
E é por isso que tento me precaver contra os homens.
Posso gritar Voltaire
Minha voz é livre nos tempos modernos mas nem todos os ouvidos seguem o tempo.
E a Democracia faz da Liberdade uma velha paralítica e banguela.
Assim como nem todas as liberdades são concretas.
Vejo uma modernidade em cárcere atar-se a uma dinastia esquecida.
Ser informal em Mozart.
Não falarei nem do lobo nem do homem... deixe que se destruam.
Pois sou selvagem. Catedraticamente selvagem.
Acorde, Locke. É tempo de rebelar-me?


III - Anti-Arte???

E tudo isso é arte ciência e filosofia
É a nossa arte
A nossa ciência
E a nossa filosofia
É o que entendemos por arte ciência e filosofia
É o que nos sobrou da arte da ciência e da filosofia
E as transportamos em nossos hábitos
Com o transpassar dos Tempos
Em gestos despercebidos e confusos
Em vestes desprovidas de coloração
E tudo isso é enfadonhamente chato
E desesperadamente triste:
- pretensiosamente inaudito
Quero ser pop
Ouvir o ruído do público
Morrer de overdose
E ter a cara transfigurada
Num quadro assinado pelo Andy Warhol
Vendo minha alma se for preciso
Enterremos a Arte para que ela possa germinar
Com maior aspereza e exatidão
E a dizer mais, confirmo:
Dante é um moleque imbecil desprovido de razão
Que cumpre a morte à procura de sua amada
(como tantos outros)
Como se nenhuma outra trepada
Fosse suficientemente satisfatória
A seus paus mal usados.
É necessário esquecê-los
E devorá-los em criptomnésia.
Então: sepultemos a Arte de uma vez
Ou é necessário que aguardemos a chegada de um novo Messias?
Um Messias das Artes
Que morra por nós
E nos faça sentir culpa de tudo isso.

Rafael Sarajevo

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