O PRAZER FAMÉLICO

Passei como quem não passa e olhei como se não visse nada,mas vi um casal de fome desfilando suas tripas secas e ferozes pela rua. A mulher trazia consigo um horror fiel ao seu desespero.O homem deixava migalhas de alegria em cada porta que batia,seu olhar nada dizia nada pronunciava, mudo pela fome alimentava-se de pavor e ódio. Juntos de mãos dadas o casal andava aos tropeços ,viam a tarde amortalhar o dia ,a sombra comer suas costelas .Tudo cheirava a magoas sem caixões a defuntos sem despedidas .Apenas sentiam fome ,a fome inútil que não da feriado, que esconde no roçar das tripas o desejo de comer o mundo ,pular em um prato de misericórdia cristã ,pedir o que não poder ser pedido. O sexo da fome suava em seus corpos magros e indigestos que murmuravam alegres libertinagens ,os olhares afogavam-se em sensualidades e os beijos mortos navegavam em línguas bravias enquanto mãos ásperas roçavam pela buceta esquálida dando oportunidade a um pau fétido e sujo penetrar nesse regaço fedorento e moribundo. Gemidos ,afagos,orgasmos simulados. Finalmente a fome goza sem pecado e amanhã é um novo dia para executar a dança maldita dos estômagos

JOÃO HENRIQUE

1 comentários:

  1. José Ivan Santana disse...:

    E aí João Henrique, quem é o autor famigerado desta catarse? sei que os atores famintos é a humanidade insaciável por nunca ter completamente o que deseja. A felicidade percebida como utopia (não como um vir a ser), mas como ausência total de esperança ou, se espera, como ignorância completa, desnuda a falsa realidade de seres fartos, gordos e felizes.
    Gostei!

    joao henrique:Sou eu mesmo cara.digamos que estava meio faminto rsrsrsr

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