Um velho louco se debruça
sobre as janelas do pensamento
onde o verbo se faz carne
e do caos brota o mundo

Mira-se no espelho de Narciso
molda o esterco com as mãos
dando-lhe forma e conteúdo
um escarro, porém, lhe dá vida

o velho fica a esgueirar-se
espionando sua criação
dia após dia fica se escondendo
a rir do seu patético brinquedo

no brilho doentio de seus olhos
pode-se ver o azul celeste
e na aridez de sua pele
todas as chagas do mundo

os mais divinos entorpecentes
o levam aos desertos do norte
o levam a terra de púrpura
e todo mundo conhecido

dias e noites...dias e noite
o ciclo infinito da existência
razão cósmica insuprimível
geradora da total insanidade

o velho aguarda aborrecido
por infindáveis anos a fio
no tédio da ridícula onisciência
a morte que teima em não vingar.

EDSON   XAVIER

2 comentários:

  1. Unknown disse...:

    Muito bom cara o velho ateísmo na veia. o soluçar dos velhos conceitos e das velhas crenças.

  1. C. Camargo disse...:

    gostei muito do blog...
    gostei muito desse texto...

    abs

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