DECLARAÇÃO DE AMOR AOS DESAPAIXONADOS


Não sou mais o poeta do amor, ou dos sonhos doces.


Não romantizo mais verdades cruas e cruéis, nem engano mais os iludidos.


Não procuro entender o que não se explica, nem explico mais o que não entendo.


Não escrevo mais para pessoas felizes. Nem mesmo para as esperançosas.


Escrevo, agora, tão somente, aos desapaixonados, porque eles sim, sabem a verdade.


Escrevo aos desesperados, desiludidos, magoados, esquecidos. Aos que choraram o necessário para descrer da felicidade. A todos aqueles que um dia leram o que escrevi, e acreditaram.


Escrevo aos que não fazem mais juras de amor, porque não têm mais motivos para jurar. E porque foram traídos por quem mais juraram.


Escrevo apenas a eles, e por eles, porque não acreditam mais em nada, nem no futuro, nem que um dia será diferente.


E escrevo porque eles sim, conhecem o mundo real, e o coração das pessoas.

Escrevo, portanto, apenas àqueles que não sentem mais.


Que não riem mais.


Que não crêem mais.


Que não amam mais.



Embora, continue eu, incondicionavelmente, amando.



Esdras Paiva Oliveira – 09/12/200

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