Os desvarios do poeta Joaquim

obra: Nelson Magalhães Filho




Meu nome é Joaquim,não tenho o olho esquerdo,e com o direito vi certa vez o diabo andando com um litro de cachaça e achando graça.

Minhas intenções com relação a minha pessoa são as piores que já tive.

Dadinha me deixou quando me achou e nunca mais me procurou,ela engolia centímetros de gente pra sobreviver.
Indigna quando pariu
Mulata quando me amava
Rameira quando apanhava
Mas,quando chorava ,era a mulher que eu amava.


Dadinha apagou,não suportou seu enredo
Entre uma solidão e uma amargura
Seu brilho se fechou.

Estou aqui prostrado vendo sóis esquálidos e horrendos
Misturados ao meu cotidiano apagado
Sem amor ,poesia ou anestésico.

Me faço perguntas:

Quem será Joaquim ?
Será que sou um serafim ?
Sou da rua, malandro
Filho do vicio
Amigo do jogo, amante da capoeira.

Me perco entre mulheres e navalhas
Sofro o agouro sobrenatural da minha cor
Negro,pobre,poeta sem santos e mártires.

NO enterro do meu parceiro faço uma poesia :


E ali vai passando o enterro de Manel do Baço
Manel ! Ó Manel !
Neste instante frio eu te toco
Meu amigo de copo
A cachaça não vai mais matar
Só abençoar meu cumpade o anjo que voa dentro do bar.


Só me resta vender minha força de trabalho
Passar pano,lavar na casa de algum fidalgo
Império ou Republica
Tirania ou paraíso
Quando será que um negro,pobre,poeta vai dar algum sorriso.

João Henrique

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