Um velho louco se debruça
sobre as janelas do pensamento
onde o verbo se faz carne
e do caos brota o mundo
Mira-se no espelho de Narciso
molda o esterco com as mãos
dando-lhe forma e conteúdo
um escarro, porém, lhe dá vida
o velho fica a esgueirar-se
espionando sua criação
dia após dia fica se escondendo
a rir do seu patético brinquedo
no brilho doentio de seus olhos
pode-se ver o azul celeste
e na aridez de sua pele
todas as chagas do mundo
os mais divinos entorpecentes
o levam aos desertos do norte
o levam a terra de púrpura
e todo mundo conhecido
dias e noites...dias e noite
o ciclo infinito da existência
razão cósmica insuprimível
geradora da total insanidade
o velho aguarda aborrecido
por infindáveis anos a fio
no tédio da ridícula onisciência
a morte que teima em não vingar.
EDSON XAVIER
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Muito bom cara o velho ateísmo na veia. o soluçar dos velhos conceitos e das velhas crenças.