TEM QUE FAZER E REPASSAR!

A net tem disso: mandam coisas de Jesus, de Deus, Alá, Buda, Olorun, Iansã, Iara, São Noure, com pessoas pedindo ajuda, desaparecidos e às vezes, mesmo sem vontade de fazer em alguns momentos, os medos fazem a gente ter que fazer, passar e repassar de forma impositiva e não solidária.
Um dia recebi um para ler e de imediato não consegui fazer a leitura e fui me afastando e li: falta de sexo causa cegueira.
Eu disse, bem não é comigo. rs.
E terminei por enviar para 20 pessoas e dizia o texto que se não enviasse virava a casaca. ai, ai.
Mandaram um até suave e não é que é curioso? Pede para digitar no google: teste da alma e clicar no primeiro nome da pesquisa e seguir adiante.
Ficou melhor do que leitura de mão na praia por cigana.
Mandaram enviar pra trinta e fui além, pra mais de 150. Huuuu! Faça também e se não fizer, sei não viu... Ai, ai, ai.

POR Odara BBC-Noure Cruz

PSICOPORRA666

Entrego ao vento mudo a minha fala
Sombra que cala e aguarda
Tempo distante cheio de estrelas mortas
Fulgurantes viciadas em brilho.
Comemoremos meus caros patrícios
As últimas gotas de vinho
A velha bêbada perto do moinho.
Eu tenho náuseas todo o fim de semana
Oscular o tédio ,deitar com a derradeira revolta
Para logo em seguida trepar com a primeira calmaria.
O opaco traço da minha dúvida verseja insólitas divagações
Despejadas em dionisíacos festins
Onde centauros ,sátiros e madonas
Comungam da hóstia depravada dos sentidos.

( 1977 - 201_ ) João Henrique

DOCUMENTÁRIO DICA

“Borat” chega-nos um olhar mordaz e sarcástico sobre a religião em todo o mundo.
Do diretor Bill Maher, ativista, político, comediante e crítico de religiões, e com direção de Larry Charles (Borat). O filme contará com várias entrevistas de religiosos tendo em vista mostrar o quanto às crenças são insustentáveis e o quanto os ditos “religiosos” apenas seguem os seus líderes, já que muitos deles não sabem dizer nem a época em que o possível Jesus Cristo esteve vivo.
Duração; 1h 40min
Áudio; Inglês
Legenda; Portugues
http://www.cocaepipoca.com/2010/05/religulous-legendado-para-download.html

ANDANDO DE BORESTA PELO NADA

Me deem coisas que eu possa criar
quadrados, retas, curvas
os horizontes são sem visão
o algodão não faz nuvem
a arma não trás a paz
o símbolo não é força
dormimos sobre a glória dos que já foram
fósseis achados dentro de uma geladeira
osso, coluna, vértebra
me deem coisas que eu possa possuir
do Iraque ao beco sujo de Salvador
tudo já foi dito.
anjos em garrafas de vidro planando pelos rótulos gastos
vendo almas. Alugo Karmas
me aproximo frustrado para depois afastar-me feliz
roubo a mim mesmo
carregando o peso do cosmo em um baseado dionisíaco.

JOÃO HENRIQUE

IN EXTREMIS

In Extremis

“Oh!Sejamos pornográficos,
(docemente pornográficos)” Drummond
A pele ferve todo sal e a ferrugem,
Teu sexo abriga o ninho de cem escorpiões.
Quanta saliva é preciso para escrever este poema?
Os lábios roçam teu mamilo e a ponta dos dedos imprime dor
Indefesos, solitários...
O gosto de leite inundando a boca escorre morno
E a língua cega percorre o trilho de mel.
A flor se abre no jardim proibido e atiro a chave ao infinito.
A menina com o rosto colado ao travesseiro entrega-se ao merecido
castigo
Dois inocentes colorindo a perversão.
Tua nudez é espetáculo para as mãos.
Os dedos cavam o gozo profundo,
Entre gemidos e aleluias invocamos todos os anjos
Celebramos a liturgia dos desesperados.
Sofregamente sorvo a taça de prata
O líquido quente lava meu rosto e eis que se anuncia o meu batismo.
Galopa pequena teu corcel em brasa,
Crava os dentes em meu dorso nu
Sangra a ferida exposta... lambe as nossas culpas.

FREITAS,Ronald.Intenções de Poesia. 2010

PALAVRAS CÍNICAS

COM 46 REEDIÇÕES, FOI UM DOS LIVROS MAIS VENDIDOS EM PORTUGAL NO SÉCULO XX. Em 1905, Portugal conhecia, com espanto e admiração, a primeira de muitas edições de Palavras Cínicas. A publicação das oito cartas que compõem este livro deu origem a um leque de reacções do público, desde o aplauso fervoroso à condenação feroz. O pessimismo e a mordacidade do autor atingiram toda a sociedade portuguesa: o clericalismo enfatuado, a moral balofa, o populismo sabichão. Mais de cem anos depois, encontrarão estas cartas os mesmo destinatários? «A torpeza da vida não caberia em mil volumes como este. Que eu exagero?! Que eu exagero?! Patife, tu bem sabes que eu digo a verdade.

GENEALOGIA DE UM POETA

Pois bem - me apresento:
Sou filho da Estupidez e do Descaso
irmão primogênito da Solidão
da necessidade ríspida de ter irmãos
Com tais armaduras
Reino sobre corpos inválidos e nus
...marginália dos desgraçados
dos malditos
dos sórdidos
dos cordeiros sem alma
e sem pasto...

ou talvez eu não seja tudo isso
mas afirme ser
para conseguir chamar a atenção
daqueles que acreditam ser o que não são
para talvez conseguir enganar a atenção
daqueles que acreditam ser o que não são
e não podem ser, e jamais poderão ser
E camuflam suas vidas num estado ficcional
com a devida prudência de desligar a TV
logo após as notícias em tempo real
da Guerra no Oriente Médio
mas ignoram em suas camisetas do “Che” a posição geográfica da base de Guantánamo
(inescrupulosamente fudidos nas mãos dessa merda de juventude ignóbil).

Esses mal percebem o que consomem
e me enrolam numa seda fina
e me lambuzam com suas línguas úmidas
e me fumam em baforadas inexpressivas.

a quem reclamar o contrabando adquirido?
a quem louvar quando a imagem se parte?
Não me importuna a surdez do mundo
os revólveres soarão ainda mais estridentes.

Sim. Venham: amontoem-se ao meu redor e ceguem-me
Dilacerem minhas córneas cuidadosamente
pois tantos outros as necessitam bem mais
e eu as utilizo de maneira indevida e pouca
Tudo em mim é CULPA
Arranquem-me das mazelas que me adornam
Sangrem os meus punhos em excessiva filtragem
em busca da quantidade devida do sangue precioso
para transfusões futuras nos seus pares.
Tudo em ti é CULPA
E o que buscaremos num mundo
onde a Culpa é a exceção dos fatos?

Mesmo em face pretendo todo o ato
e dou à luz a todo tipo de moleque
Feito os becos das cidades que se erguem arrogantes
e proliferam ratos virulentos e sádicos
que invadem as bolsas da burguesia
e se perdem entre brincos e maquiagens contrabandeadas
Me atinge a vileza ao tentar educá-los
reabilitá-los à irmandade entre tais
E antecipadamente me entristeço ao ser tocado pela Felicidade:
- a felicidade, senhores, é um prelúdio à depressão.
Nunca confie num homem que busca a felicidade.

Toda negligência atemporal hospeda-se em minhas costas
no peso daquilo que carrego
na responsabilidade de liderar uma revolução
sendo eu apenas um poeta ou um pedinte
levemente talhado no cotidiano das ruas.

Um amontoado de roupas sujas habita meu dorso diário rotineiro e ininterrupto
Um amontoado de roupas sujas é o que me faz acreditar que amanhã estarei disposto
disposto talvez a não mais usá-las
a levá-las ao auxílio das máquinas de triturar
resumindo-as em retalhos e lembranças
E isso pouco me aflige
As lojas me propõem tantas outras diversamente coloridas
e divertidamente entediantes
Mas as busco veementemente
pois assim o meu domingo é bem mais saudável
e assim sou aceito e compreendido entre os da minha legião.

Percebo o tédio transpor meus dedos
e arranco-me dos dedos que trago há tempos
Tenho olhos de amontoadas tristezas
e celebro a melancolia em mim:
- sou grato por isso
Doou preces aos homens
e ponho a minha educação distante de Deus
Bebo água benta em goladas volumosas
me alimento de hóstia e pão
como se a minha fome se desse
pela mera necessidade de manter a condição de alimentar-me em curso
e jamais me propondo cativo do alimento em si
mas sem perceber sendo cativo daqueles que me alimentam
Como fazem os cães aos pulos variantes nos braços de seus adestradores
Como fazem os rebanhos aos olhos atentos dos pastores calados.
Necessitaremos sempre de um líder?

Do vinho sou abstêmio
Não pretendo manchar minha roupa nova e dominical
Ousaria eu manchá-la?

Hoje tenho a surdez em meus braços
Afago o seu nariz
fazendo com que esqueça sua horrenda conduta
Queria tê-la sempre presente em meu bolso direito
pois é de fácil acesso à mão mais calma que possuo
No bolso esquerdo guardaria uma dolla ainda não amarrotada
para dar-lhe quando despertar dum sono confuso
Bem sei que o carrasco sofre não pela barbárie do ato
mas sim por ter que carregar o machado por toda a vida.

Afilhado da Loucura:
em meu adormecer
tive todas as flores
provei de todas elas
muitas sem nem tocar
...os melhores beijos
tive das bocas que jamais ousei...

Com devida prudência perceberão:
tenho olhos secos
mãos ásperas
e um timbre de voz salubre
Os meus dedos são breves
ou são longos os objetos que busco
Orixás me guiam e me abastecem com suas armas
Mas antes – envio um ofício
com pedidos de licença ao Vaticano
pois ainda não me enviaram a carteirinha de ecumênico
nem mesmo fui excomungado ainda.

Vivo vagarosamente em meu auxílio
dentro de mim
quase sempre me perco
Retorno apenas quando todos os meus mortos estão em paz
e o barulho que produzem
não mais me amedronta.

Da esperança que não alimento edifico meus vícios
A lança que te ergo
aceita-a sem preocupação cristã
À faca: pão e mesa
Distribuída ao pendular da matéria
Não se deve ver beleza
no produto concreto daquilo que se beija
Constroem-se os hábitos e as mobílias
baseados nos cômodos da casa
Ou será o contrário?
Não sei. Definitivamente, não sei
E fui corrompido a não saber
pela quantidade de alucinógenos que me entupiram quando criança
Sei que bebo a quantidade devida
do líquido que as fábricas de copo
me induzem sutilmente a beber
e armazeno todo o resto
em recipientes construídos milimetricamente
com o intuito de adestrar a minha sede rotineira
e toda a minha esperança
Como se fosse necessário e a TV não executasse sua função devidamente
Me parece que até mesmo meu estômago
sofre com isso
e guarda compulsoriamente
cada golada que arrebato
com a precisa e gentil adaptação dos músculos do meu estômago.

Como orquestro meus sonhos
com as mesmas notas
que ouço rotineiramente advindas das Rádios
Como pinto minha tela de ilusão
com as mesmas cores
que absorvo rotineiramente advindas da tela do cinema
Como cumpro minha Arte a partir da arte de outros
e o carimbo latente do Cristianismo.

I
I
I
à parte de tudo isso?
quando estarei enfim
I
I
I
I
I
I
I
I

O Homem é produto da Fábrica e do Medo
E ele que se adapte ao câncer
pois deve moldar seu paladar
ao dissabor do alimento que digere
Como deve modular sua audição
à música que ouve
E seguiremos por um adestramento imperceptível
como todo adestramento válido
que alcança sua extensão exata
e o resultado aguardado agrada a todos:
é quando o bicho que se adestra
não se percebe adestrado
e a vida prossegue imperceptivelmente alienada
numa anestesia coletiva
para que não possamos gritar a dor
e assim acordar os nossos vizinhos em desespero.

nos alimentos;
nas flores;
nas artes;
nos cartões de Natal;
nas bocetas cobiçadas das meninas do interior
A indústria implantou um anestésico vicioso
de aroma agradável em cada um deles
Assim a Liberdade e a Felicidade
são palácios onde dormimos num chão frio e úmido
mas que jamais ousaremos negligenciar.

Quisera flor para toda primavera;
Quisera sol para todo riso;
Quisera dor para toda marca;
Quisera coisa-além.
O mundo deveria ser mais autônomo e fugir de seu completo anonimato.

Sou o que virá.
E o que se perde na distância do tempo.
Na desconstrução dos hábitos.
Em ingênuos comportamentos.
Assim me anuncio entre vós
cuspido pelo requinte de vitórias parcas
e glórias efêmeras
de um heroísmo falso e batalhas previamente perdidas
de superações ultrapassadas e vontades mudas
Carrego um cetro imbecil
ornamentado pelo desgaste de uma dinastia apática.


Rafael Sarajevo

METAMORFOSE

O poeta é autoflagelo
Carne dilacerada
Alma que se desnuda
Mil capas entranhadas.

O poeta é ferida aberta
Corpo exposto
Consciência da dor
Inconsciência de si.

O poeta está no mundo
O mundo dentro dele
A poesia dentro dele
Realidade transpirada.

O poeta é um ovo?
A clara? A gema?
Poeta é casca
Completa sensibilidade!

Masoquista!
Narcisista!
Exibicionista!
Ilusionista?

Poeta é inflamação
Hiroshima Nagasaki
Implosão mal planejada.

Pés aleijados
Caminho reto.
Mãos aleijadas
Poesia errante.

Poeta é raiz em terra estranha
Alimenta-se de nutrientes e poluentes
Não distingue as pedras que apanha.

Misto de amor e sanha
Um formigueiro na alma
Na mente: sarcasmo de aranha.

O tempo é mestre que ensina
Deslembrando um pouco de cada vez
Cada ruga, um cravo do calvário
Vulgar ironia, que desfaçatez!

Gregor Sansa meu espelho
Há no poeta mil kafkas
Não estranhe este rosto feio
Pois sou Eu com tuas marcas.

IVAN SANTANA

RECOMENDO

Esse eu recomendo achei essa peça rara em um sebo andando pelas ruas religiosas e conservadoras do Juazeiro do Norte.

...matamos o dragão,
matamos Jasão...
também Orfeu,
afinal,
pra que servem os poetas?!

Edson Xavier

CANSAÇO DAS ERAS

Vamos marchar em direção as nossas feridas
Semear agulhas por entre corações cansados
Desfilar nossas infelicidades
Purgar mazelas em bares amarelos
Não me apresentei devidamente
Me chamo Cansaço das Eras
Viajei por entre mundos tortos
Vi espadas nas mãos de santos
Confissões sem padres
Condenações sem réu
Inquisições para inocentes
O gosto da poeira
O sabor da dor
Andei entre doidos e mendigos
Li para ascetas e degenerados
Como estou exausto desse eterno retorno
Peles e ossos cansados , sorrisos em areia movediça
Eles são sempre os mesmo de outrora
Fracos, pálidos ,sem cor
Eles sempre são os mesmos
Os anos caminham e pessoas correm
O aço atravessa a carne
E a guerra passa na televisão.


Sou o Cansaço que fustiga a lepra que separa o homem do monstro
Sou o estandarte que simboliza o nada
O cruzado arrependido sem pátria

Estou cansado das mesmas eras
Do passar enjoativo da humanidade

Tenho que me entregar ao sono monossilábico
ao entrevero banal , prolixo
Desses santos corcundas.

Pois só assim vou compreender a raça humana
Apenas a ressaca sepulcral de todos os mundos pode me deixar cansado.

JOÃO HENRIQUE

VIOLENTAMENTE PACÍFICO


XII Festival Nacional a Imagem em 5 Minutos 2008- Violentamente Pacífico é um video de Gabriel Teixeira realizado no Bairro da Paz(Periferia de Salvador-BA) entrevistando Ras Mc Léo Carlos cidadão morador do bairro.ARTISTA-EDUCADOR, LIBERTARIO, RESISTINDO PACIFICAMENTE .

ESSE CARA TEM UMA IDEIA PARA PASSAR.UMA MENSAGEM FORTE DE REVOLTA E CERTEZA, QUE UM DIA PODEREMOS SER VIOLENTAMENTE PACÍFICOS.
JOÃO HENRIQUE

TEATRO DO ABSURDO

A intensidade de meus sentimentos
é tão grande
que preciso contê-la,
esquecendo-os.
Mas eles são tão fúteis
que o melhor é aprisioná-los nos calabouços do espírito.

Vivo uma antítese absurda
numa existência que nunca muda
tão tragicômica que nem se rotula
hieroglífica de tão confusa.

Não há coesão nas minhas idéias.
Não há coesão em meus sentimentos.
Não há coesão em meus pensamentos.
Não há coesão em meu sofrimento.

Idealizo sem ter de verdade as idéias.
Sinto sem saber o que é sentimento.
Penso sem signos para o pensamento.
Sofro sem saber o porque do sofrimento.

Elkson Santana

ENTREVISTA :RAFAEL SARAJEVO

O FANTASCÓPIO CARIRI SEMPRE GOSTA DE TRAZER AOS NOSSOS LEITORES ALGUMAS NOVIDADES.O BLOG TEM ESSE COMPROMISSO DE TENTAR RETIRAR ESSES POETAS DA BASTILHA ONDE SEUS ESCRITOS ESTÃO ENCERRADOS.A ENTREVISTA QUE SEGUE É FEITA COM O POETA (por mais que ele não se intitule um) DE CÍCERO DANTAS CHAMADO RAFAEL SARAJEVO COM O SEU "Escritos de um inferno atômico " (JH)
F.C- Faça um resumo da sua existência como poeta para os leitores do blog.

RS- Eu não sou poeta. Ser poeta que fique para os aduladores ou caras que versejam e se intitulam santos senhores de toda misericórdia. Eu não sou poeta.

F.C- O que te influencia na hora de escrever?

RS- Não são obras nem autores. E posso escrever sobre coisas que nunca vivi ou nunca presenciei. Mas isso não me parece esquisito. Talvez cada um tenha um resumo de tudo que existe. Eu me refiro ao seguinte: o que são as nossas mães senão putas dos nossos pais. E vê como elas detestam as outras putas dos nossos pais, as que não subiram ao altar com eles, e vê como toda a sociedade as detesta, porque toda sociedade é formada por putas e por mães, nada mais.

F.C- Qual a utilidade da poesia nesse mundo caótico em que vivemos ?

RS- Nenhuma. Poesia não serve pra nada. Fico impressionado quando vejo alguem dizer “li tal livro, tal livro mudou a minha vida”. – qual medíocre deveria ser a vida deste que diz isso. Porque livros são escritos influenciados por vidas. São vidas que devem mudar livros (me refiro à forma de escrevê-los), e não o contrário.

F.C- Dei uma olhada no protótipo do seu livro e achei muito interessante.Você poderia nos falar do processo de criação até sua edição.

RS- O que você achou interessante no meu livro? Ah, o entrevistado sou eu. Ta. Olhe só, eu acredito ao longo da história muito disso já aconteceu. Alguns se intitularam ou foram intitulados santos, profetas, filósofos, médiuns, poetas. Ou até mesmo apostadores ou donas de casa na feitura de uma nova receita. Não importa qual nome imbecil se dê às coisas. Não importa o nome que recebam. Toda obra não passa de uma psicografia. Mas não advinda de espíritos como acredita a doutrina Kardecista, ou talvez sim para uns. Porém cada um usa um nome diferente para isso. Toda cultura diferencia-se apenas pelas nomenclaturas empregadas. E talvez não tenha sido diferente no meu caso.

F.C- A frase de André Breton “o futuro do poeta é ser uma assombração” tem algo a ver com a sua poesia ou vai na contra mão do que você escreve?


RS- Acho muita prepotência acreditar que o poeta assombra alguém. Não, acho que de fato não. Ao menos não esse poeta que escreve livros e tal. Porque existem diversos poetas espalhados por aí mundo a fora. E que nunca escreveram uma linha. Existem poetas que são policiais, palhaços, mega empresários, donos de crocodilo, fãs alucinadas, vendedores de droga, coroinhas rebeldes, prostitutas fieis, donos de bar. Talvez esses poetas, os que nada escrevem, são os que mais contribuem com a poesia. Aí você deve me perguntar “então por que o Rimbaud escrevia, então por que o Bob Dylan canta, então por que o Salvador Dali fez quadros?”. Cara, é que essas figuras fazem tudo isso pelos medíocres (sejam eles intelectualizados ou não, não importa). Esses que não sabem ver poesia a não ser de forma material, exposta num livro, letra por letra, frase por frase. Seres imediatistas e preguiçosos. Como vocês que visitam esse blog e lêem essa entrevista agora. E acham legal e tal. Mas se perdem diante de alguma poesia escrita em lugar nenhum mas viva, que te cerca e você não sabe do que se trata, e precisa do Rimbaud, do Dylan ou do Salvador Dali pra fazer com que vocês enxerguem a porra da poesia. Poetas são apenas tradutores.

F.C- Escritos de um inferno atômico. Procura passar que espécie de sentimento ? Caos, tormento, loucura?

RS- Os sentimentos precisam ser reinventados. Instituições diversas se apossaram do amor, do caos, do sorriso, da dor de barriga, em alguns casos até os patenteando.

F.C- Deixe suas palavras, fale o que quiser para os leitores?

RS -(...)

O PRAZER FAMÉLICO

Passei como quem não passa e olhei como se não visse nada,mas vi um casal de fome desfilando suas tripas secas e ferozes pela rua. A mulher trazia consigo um horror fiel ao seu desespero.O homem deixava migalhas de alegria em cada porta que batia,seu olhar nada dizia nada pronunciava, mudo pela fome alimentava-se de pavor e ódio. Juntos de mãos dadas o casal andava aos tropeços ,viam a tarde amortalhar o dia ,a sombra comer suas costelas .Tudo cheirava a magoas sem caixões a defuntos sem despedidas .Apenas sentiam fome ,a fome inútil que não da feriado, que esconde no roçar das tripas o desejo de comer o mundo ,pular em um prato de misericórdia cristã ,pedir o que não poder ser pedido. O sexo da fome suava em seus corpos magros e indigestos que murmuravam alegres libertinagens ,os olhares afogavam-se em sensualidades e os beijos mortos navegavam em línguas bravias enquanto mãos ásperas roçavam pela buceta esquálida dando oportunidade a um pau fétido e sujo penetrar nesse regaço fedorento e moribundo. Gemidos ,afagos,orgasmos simulados. Finalmente a fome goza sem pecado e amanhã é um novo dia para executar a dança maldita dos estômagos

JOÃO HENRIQUE

A — CA— DE — MI— CUS!

A — CA— DE — MI— CUS!

Academi-cus!
Quanta poesia desperdiçada
Tudo que não é academicus
é vanglória infundada.


Academicus nus pícaros homéricos
Sua sapiência tornou-se branda
O conhecimento rasgando o abismo
Dialética das duas bandas.


Virtuoso proceder hermético!
A Comprovação é empírica.
Separando o C do U
Faz-se ciência lírica.
No plano cartesiano
Sancho Pança está correto
Desnuda-se a verdade
pelo Caleidoscópio Reto.


Viva o plural!
S, recurso para outros us.
Quantos anus é preciso
para tornar-se academicus?
Anos! Muitos anos! Árduos anos de labutação.


Labutaram muitos anos
Hoje eles são PH.Ds
De tanto labutarem
Na cabeça entra sem doer.

Não há mais cabresto
Chegou ao magma da próstata
Já vislumbram o arco-íris
Verbalização pedagógica!


Senhores da Verdade
Ignorância impossibilidade tola
Zen no cume apoiados
No éden auscultam a rola:

Piu-piu!
Academicus...!
Ivan Santana

As Trevas, a Luz e a Cegueira das Luzes




I – Renascer entre Brumas

Dante teria razão?
É preciso morrer
Em Galileu Kepler Copérnico...
Ser humano em Guiotto.
Mostrarei a dor dos deuses e apodrecerei em Shakespeare.
Não há veneno o bastante para isso, me diz Julieta.
Modernidade, é preciso perder-se de ser puro.
Mas nem todas as noites são propícias.
Nem todos os Tempos.

Transar Vênus.
Ser profano: pagão de alma que fomos.
E vaguear feito eterno Quixote que somos.
Sem nenhum dom.
Dante teria Razão?
Esqueçam os moinhos.
Agora demoliremos prédios e máquinas.
De nossas espadas voadoras
Coagula-se uma possível, humm... deixe-me ver, (...) uma possível... idéia fresca de Liberdade.

Ser realista ou maquiavélico:
Temido ou amado? - não sei.
Um simples toque de Miguelangelo... é necessária a vida.
Educar-me na escola de Sanzio
E perceber que tanta descoberta
Torna o homem cretino e despreocupadamente vazio.
Por que plantou Deus tantas árvores no mundo?
Talvez tivesse Ele uma antevisão do renascimento.
Dante teria razão.

II - Então se fez Luz

Há quem não leia Rousseau
E é por isso que tento me precaver contra os homens.
Posso gritar Voltaire
Minha voz é livre nos tempos modernos mas nem todos os ouvidos seguem o tempo.
E a Democracia faz da Liberdade uma velha paralítica e banguela.
Assim como nem todas as liberdades são concretas.
Vejo uma modernidade em cárcere atar-se a uma dinastia esquecida.
Ser informal em Mozart.
Não falarei nem do lobo nem do homem... deixe que se destruam.
Pois sou selvagem. Catedraticamente selvagem.
Acorde, Locke. É tempo de rebelar-me?


III - Anti-Arte???

E tudo isso é arte ciência e filosofia
É a nossa arte
A nossa ciência
E a nossa filosofia
É o que entendemos por arte ciência e filosofia
É o que nos sobrou da arte da ciência e da filosofia
E as transportamos em nossos hábitos
Com o transpassar dos Tempos
Em gestos despercebidos e confusos
Em vestes desprovidas de coloração
E tudo isso é enfadonhamente chato
E desesperadamente triste:
- pretensiosamente inaudito
Quero ser pop
Ouvir o ruído do público
Morrer de overdose
E ter a cara transfigurada
Num quadro assinado pelo Andy Warhol
Vendo minha alma se for preciso
Enterremos a Arte para que ela possa germinar
Com maior aspereza e exatidão
E a dizer mais, confirmo:
Dante é um moleque imbecil desprovido de razão
Que cumpre a morte à procura de sua amada
(como tantos outros)
Como se nenhuma outra trepada
Fosse suficientemente satisfatória
A seus paus mal usados.
É necessário esquecê-los
E devorá-los em criptomnésia.
Então: sepultemos a Arte de uma vez
Ou é necessário que aguardemos a chegada de um novo Messias?
Um Messias das Artes
Que morra por nós
E nos faça sentir culpa de tudo isso.

Rafael Sarajevo

QUART 4B + UMA DICA DE FILME



http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=6817850 (entra e faz uma polêmica)

Filme bem interessante para um debate.Todo filmado em uma sala de aula ,isso serve para mostrar que ainda tá valendo a máxima uma câmara na mão uma idéia na cabeça. Para não escrever muito e dar dicas, só assistindo para gente chocar as opiniões .Inovador,agressivo,sarcástico,um tapa na cara o resto é com vocês.
JOÃO HENRIQUE


Soneto de eterno gozo



Sonho contemplar teus lábios entreabertos

tua boca fresquinha, rosada e nua

a tua língua me amará, estou bem certo

cravando-me os dentes na carne crua.

Consumido pela gruta dos enxertos

bebo do paladar doce da pua

uma ardente quentura cerca-nos de perto

sentindo teu calor a minha pele sua.

Sussurros deleitosos e excitantes

pululam desta macia alcova em apertos

gemendo, uivando...Sou toda sua.

Fundidos em abraços picantes

o frenesi dos corpos regem o concerto

inflamando o tíbio clarão da lua.

Por Ivan Santana

2006.

O cheiro de Tânatos



Minhas epilpsias agora viraram música
Perdidas na melodia de um arpejo sangrento
Cuspidas sem canto cambaleando na boca de Tânatos
Misturando-se ao hálito fresco da morte

O vento não me venta mais
Faço fogueiras aos incêndios mais frios
Ò Dédalo ! faça com que eu não posso ser achado
Me perca entre velhas desconhecidas
Remendarei rostos no meu espelho

Estou á sentir o cheiro de tudo que é derradeiro
Escondido, não passo de um Diogénis sem luz
Dormindo, um morto sonhador

Beijo os trovões do Olimpo
Saúdo os dias que não viram
O agouro sem farsas enveredando pela minha carne
Aceito meu propósito

Cem bodes a Tânatos !
Cem bodes a Tânatos !

O sono se faz mister
O caos vomita instantes sem gosto
Saboreando o amargo de um defunto sem explicação



JOÃO HENRIQUE 03/02/2010


















DICA DE FILME : A ONDA


Um ótimo filme para se ver e analisar.A cervejaria de Munique ainda continua viva dentro de alguns de nós
já passamos por várias ondas. Essa eu dispenso.

Clique e dê uma olhada


entrevista retirada do jornal A tarde -BA

Embreagues Devota


Pintura de Ricardo Cruzeiro



Me vejo na terra, sangrando,
ferido, sigo sem rumo,
vinho e ervas consumo,
aos céus eu subo sonhando,
os acertos e erros contando
na fumaça torpe das nuvens,
fico a esperar que me julguém
os seres alados da morte,
dopado, ferido, sem sorte
visagens felizes me iludem,
viram, reviram e confundem
os sentidos reais de minh'alma
e tudo isso me acalma
das dores que tenho sentido.

Edson Xavier

METÁFORA DE UM CAOS SILENCIOSO



" Dedicado à Flávio Alencar de quem eu extrai esse título tão expressivo do seu livro homônimo"



Pôr do sol da alma caído do sonho vão da vida,

Jaz inerte a esperança nessa estrada sem saída,

Por esse túnel sem luz, ( trafegar ás escuras é preciso)



Um pôr do sol de fim de tarde, vermelho crepúsculo...

Arde o sol diáfano da alma, mar e sol...

Areia desvanece a vida na palma da mão...



Tal como a vejo, tal como a desejo, tal como a idealizo...

Vida!... vida!... Vida!...

Daí-me trégua!

Vida! vida!

Légua após légua percorrida...



leva a água por suas vagas incertas

Na corrente do saber,

Entre as torrentes arrebatadoras das paixões humanas...

Leva o meu barquinho de papel jornal,

Nenhuma pretensão de nau...

Navegar? Talvez, (sem precisão alguma).

Naufragar? Certamente,

Num pôr de sol de águas profundas

A enterrar-se em águas claras que espelha o radiante sol,

Centelha panorâmica da paisagem surreal

Desses versos loucos a descrever a metáfora de um caos silencioso

Emergido de minhas profundezas como um monstro submarino.


por Leidivan Maldito

Um tolo e seus versos







Sou apenas um idiota que faz versos
Que guarda pra si um sentimento
Disfarçando meu tormento
Nessa alegre esquizofrenia de um dia enfadonho

Um serafim rebelde
Expulso do céu abstrato dos léxicos funestos
Contido no dicionário cheio de restos.
Tento escrever nessa masmorra de papel
A minha estória trágica e descontente
Narro meu próprio degredo sob o sol do meu medo
Ando entre antônimos e bebo entre interrogações.


Sou a vergonha sepultada
O idiota que escreve destinos
O tolo que fala de si mesmo
Certa vez ,nunca fui quem eu queria
Todavia,contudo
As crianças ainda viram gente
E os adultos viram velhos


Faço versos que mutilam
Feito adagas flamejantes
Que cortam o papel
Escrito por um réu.Chamado meu eu.


Um tolo e seus versos por João Henrique

O FOGO NOSSO DE CADA DIA


MINHA TEMERIDADE A TUDO QUE É NORMAL ATINGE PÍNCAROS ALTOS ONDE POSSO VER ANJOS SEM CU CAGAREM SUAS NORMALIDADES.
O homo negocious sapins de wall street NAO TEM MAIS EREÇÃO
Tudo será cavernas sem mitos
A procura de algum Platão com cara de Cristo de fim de semana
Mijaram no mar de Moiséis é no aquario do Free willy
Kadath é gente fina

NO CÉU TODOS SÃO NORMAIS
NO INFERNO QUEM DIRIA
HÁ BUROCRACIA

ATÉ QUANDO VOU SUPORTAR O MANIQUÉISMO DO MEU VIZINHO
O TERÇO AS LADAINHAS
AS CANTIGAS AS MODINHAS.

TRAGÉDIA MISÉRIA

HÓRUS,set
Os DEUSES CELESTES
O Deus Tekuila
Maria parecida
COM jOÃO


TENHO TANTAS TEMERIDADES QUE NÃO POSSO CONTA-LAS
O MUNDO TEM MEDO DE SER MUNDO
O tolo não sabe mais como virar esperto
Como um certo britânico disse “A maioria das pessoas apenas existe”

BORBA GATO ,SÍLVIO SANTOS ,BIL GATES

POLÍTICAS IMPERIOSAS
O estrume esta no ar
O fedor das gravatas chega até aqui
A norma é um precipício sem classe alguma
A BAGUNÇA é UMA FORMA DE SE ACHAR ORGANIZADO

viva! viva ! Au au au au trabalho nosso de cada dia
nem o Snopy nem o Rin-tim tim

AS MADALENAS NÃO MENSTRUAM MAIS
O ÓÇIO É O OFÍCIO DA CRIATIVIDADE

Tudo veio do peido
O peido é a chave do universo
A ideia DA CRIAÇÃO
De Darwin a Tio Patinhas
De Sócrates a Bin Laden
Incomodados com o que
Peidar é preciso . Viver não


ESCREVO POR QUE TENHO DOR DE BARRIGA
POR QUE ME SINTO PÉSSIMO
POR QUE FICO DE PAU DURO

E COMO EM QUALQUER POESIA QUE SE PREZE : O PROFETA FUMA "UM FIDEL CASTRO " PARA CONTEMPLAR AS PREGAS DO CU DO ESQUECIMENTO

JOÃO HENRIQUE

A dança da sombra



Não vejo nada além de fantasmas;
Sombras de mim que caem sem risco,
Erguem-se para envolver-me numa dança híbrida
O que compreender num rosto sem riso,
Enquanto minha face neutra encilha?
Na leveza dos passos que me carregam
Observo engraçado embaço harmônico
No discreto olhar francês que prega
O empirismo da embriagues do sonho;
Até que a sombra em mim implanta
O derradeiro brilho do canto.

Por Regis Moreira

Os desvarios do poeta Joaquim

obra: Nelson Magalhães Filho




Meu nome é Joaquim,não tenho o olho esquerdo,e com o direito vi certa vez o diabo andando com um litro de cachaça e achando graça.

Minhas intenções com relação a minha pessoa são as piores que já tive.

Dadinha me deixou quando me achou e nunca mais me procurou,ela engolia centímetros de gente pra sobreviver.
Indigna quando pariu
Mulata quando me amava
Rameira quando apanhava
Mas,quando chorava ,era a mulher que eu amava.


Dadinha apagou,não suportou seu enredo
Entre uma solidão e uma amargura
Seu brilho se fechou.

Estou aqui prostrado vendo sóis esquálidos e horrendos
Misturados ao meu cotidiano apagado
Sem amor ,poesia ou anestésico.

Me faço perguntas:

Quem será Joaquim ?
Será que sou um serafim ?
Sou da rua, malandro
Filho do vicio
Amigo do jogo, amante da capoeira.

Me perco entre mulheres e navalhas
Sofro o agouro sobrenatural da minha cor
Negro,pobre,poeta sem santos e mártires.

NO enterro do meu parceiro faço uma poesia :


E ali vai passando o enterro de Manel do Baço
Manel ! Ó Manel !
Neste instante frio eu te toco
Meu amigo de copo
A cachaça não vai mais matar
Só abençoar meu cumpade o anjo que voa dentro do bar.


Só me resta vender minha força de trabalho
Passar pano,lavar na casa de algum fidalgo
Império ou Republica
Tirania ou paraíso
Quando será que um negro,pobre,poeta vai dar algum sorriso.

João Henrique

CANÇÃO DE UM FILHO DA PUTA




Que consagrem-se os amigos
que me trouxeram até aqui
com adornos místicos
e uma grande e brilhante auréola.

Que queimem meus inimigos
que me pintaram
nos muros de sôdoma
como um grande demônio.

Estavamos todos perdidos
quando caiu a noite,
todos nós jogados
todos pelas sargetas.

Irmãos!
filhos da velha puta!
mãe dos homens,
mãe dos desgraçados,
os olhos da verdade
estão cegos...
Ó mãe dos desgraçados!
levai-me para os sórdidos recantos da escuridão,
acalenta-me entre os seus,
alimenta-e com tudo o que é vil,
Ó mãe, ó mãe...
a pureza está perdida
e nada será como antes.


Edson Xavier

A IRA INJUSTA





Venha, venha, venha...
Deus todo poderoso
Deus dos poderes
Roubar a minha única e efêmera vida
Vem dilacerar o meu corpo e roubar a minha alma
Vem fazer o trabalho que não é teu, e sim, dos vermes
Venha, venha, venha
Deus das verdades e cheio das vontades
Vem que tu és forte, vem lutar, vem aniquilar
Nossos desejos, nossa dimensão de humanidade
Vem sacralizar o pecado para garantir a tua existência
Vem escroto!
Vem escroto!
Para que eu possa ver a tua face e arrotar nela
Vem, vem, que eu quero sentir a tua fúria, a tua ira
E poder achar que encontrei a palavra do salvador
Vem trazer o teu rito e a tua sina
Pois tu és O Pai glorificador
Vem, vem, vem
Que eu quero te trair com beijos de sangue
Quero sentir a tua glória e vendê-la por um punhado de moedas
Pois sou humano, vem, pois sou humano
Vem,
Que eu quero te derrubar do pedestal na primeira oportunidade
Venha, venha, venha
Ira injusta, pois farei um vendaval de injúrias.

Roberto Costa Freire.

Desejo e Destino




Quando Cansares das brisas que não trazem chuva!
Quando estiveres seca, envolto a poeira e ao fogo...
Perceberás que o mundo não é mais o mesmo!
Verás que grilos podem trazer sorte!
Que o fim poderá desencadear num temporal
E que o beijo mais louco poderá inundar-te.

OU

Quando Cansares das brisas que não trazem chuva!
Quando estiveres seca, envolto a poeira e ao fogo...
Perceberás que o mundo não é mais o mesmo!
Verás que grilos podem trazer sorte!
Que o fim poderá desencadear num temporal
E que o beijo mais louco poderá inundar-te.
Quando veres o horizonte tremer,
Grita! Grita alto e forte.
Eu te ouvirei.

Mozer Ramos 17/04/09"

AMERICAN WAY OF LIFE E OUTRAS BANALIDADES.






O fio da condução e um novo par de tênis
O norte do horizonte e um tabuleiro de ilusões
A confluência entre o natural e o gerado
A consciência de não ter consciência,
Não é consciência; é o trabalho alheio, alienação
Linha de produção, doces bárbaros
Festa de consumo, brutos "matutos"
Jaquetas e jeans, Tarzans e afins
Bombons, chocolates e assovios
Cigarros, goma de mascar
E o esquecido povo, mas não tão esquecido assim
Há petróleo, carros e velocidade na esquina
Mulheres de vidro fazem à moda
Há uma "linda" e decadente moral burguesa no ar!
O hálito de mostarda e o hot dog e o cabelo na testa fazem a festa
E a minha ternura anda meio deslocada
Ando meio torto e na contramão da história
Pois ainda uso ceroulas e peido azul!
Viva o way!
Viva o Life! E outras banalidades
Viva a língua inglesa
Pois por aqui nos trópicos
Só se conhece cabeça e língua de porco
Viva o mundo homogêneo e a desigualdade
Viva o homem pomba-rola e a discoteca global!

Roberto Costa Freire.

Prisão de ventre



Quando segurei um corpo frio,
Lavado por pedras fecais...
Percebi sua voz clamar por vida!
Em um paralelo entre lugares
Que eu jamais poderia chegar.
Aquele ser, mergulhava no rio
Mais escuro do seu deus;
Depois voltava inteiramente cansado!
Com carvão e urucu nas mãos,
O rosto melado de barro;
Trazendo em prece os restos de comida
De um almoço que ele não comeria.
Como absorver vida?
Se expelir é a insígnia de um condenado?
Ainda havia uma razoável quantidade de sopros
Saindo daquele amontoado de pele pútrida;
Sua face causava uma intensa violência,
Pra que a vida, se tornasse inútil...
Por sua vez, num grande esforço,
Os sopros se tornaram palavras!
Criou-se um envoltório de lamentos,
Conheci a verdadeira náusea...
Um esforço que me fez acreditar
Que o ser humano seria a maior criação;
Então, conheci um método chamado “lavagem”;
Pela primeira vez, enxerguei a amargura
De uma alma, refletida claramente num olhar...
Não sentia nem pulsar o coração!
Anseios, desejos, metas, esperança?
Tudo saía de maneira espalhafatosa pelo reto,
Seu credo era no inferno!
Até o dia que nada sairia mais;
Foram seis incansáveis dias de prisão,
De tudo que ninguém deseja dentro de si.
Ainda posso escutar seus gritos
Ao enfiarem o terrível instrumento
Naquilo que o destruía;
Acabaram gritos, voltaram sopros,
Acabaram sopros, apenas lamentos soavam...
Após os lamentos?
Apenas o barulho das rodas da maca
Que o levava para o fundo das águas negras,
Para o barro sórdido que trazia na face.

POR REGIS MOREIRA

Poema da buceta cabeluda



A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos,
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.

A buceta da minha amada
é cabeluda
como um tapete persa.
É um buraco-negro
bem no meio do púbis
do Universo.

A buceta da minha amada
é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua
é lambda.

A buceta da minha amada
é um tesouro
é o Tosão de Ouro
é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.

A buceta da minha amada
me aperta dentro, de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas que ela geme
quando a gente fode.

Por Bráulio Tavares

Espetáculo da inutilidade




Os óculos escuros
são como vendas da alma.
A tela da TV
ilude os que não tem imaginação.
A música que toca no rádio
transborda insensatez sem linearidade.
Os corpos que desfilam na passarela
são amontoados de células mortas
que exprimem de maneira singela
a fraqueza do espírito humano.

Da escuridão fria do meu quarto
ouço lamentos de corpos famintos .
Da escuridão fria da minha vida
reconheço nas entrelinhas
o desespero das almas perdidas
pelas estradas iluminadas da fé,
pelos caminhos esburacados da falta de fé.

Por isso me pergunto
até o último minuto
atônito e moribundo
se poderia ajudá-los,
mas sei que não,
pois nem posso ajudar a mim,
perdido nas estradas mal iluminadas e esburacadas
fazendo simplesmente nada
para mudar o script
desse triste espetáculo,
de muitos atores famintos
enquanto muito poucos
se alimentam
da miséria alheia.

por Elkson

JARDINS DE MÁGOAS

foto:Grupo Teatral Farinha Seca

Tulipas banguelas acenam amputadas

nos jardins de mágoas trava o artista

a sua árdua batalha expressiva em busca da beleza

saúdo a leveza da vida abrigo obscuridades

demências tangidas demências vividas demências desejadas

calor estéreo transpira o corpo nordestino

o sol que incomoda transborda o céu de luminosidade expressiva

melancolia me domina me atravessa noite a dentro

insónias pesadelos e palpitações prenunciam a presença do diabo

que me tenta ao suicídio

todos os homens estão fadados a morrer

e como diria Becket todos temos que nos conformar pois o inferno nos aguarda

além da estrada no além túmulo post mortem ha! ha! ha!!!

nenhuma transcendência me amedronta ou me provoca

tanto quanto a vida tal qual ela é

the dark side of the moon

a noite persiste com os seus demônios alados

feito pernilongos a perturbar-me o sono

a noite desperta o artista sonâmbulo de inquietações

delirium tremens bombardeiam o tédio

venenos de eletricidade açoitam meu corpo hedonista

e eu falava em tulipas

flores decepadas carnívoras e muchas adornam os jardins dos morros narcóticos

a guerra civil banha em vermelho o sol da tarde inútil de domingo

que cheira a tédio e a naftalina

escuto o rap requiém das favelas chapadas de armagedom

ao som de violinos distorcidos e toscos

adormeço no caos silencioso do inferno kafkiano que habita em mim.

POR LEIDIVAN MALDITO

Vida

foto:Grupo Teatral Farinha Seca

Histórias de vento, contos de areia, memórias do mar, dores do sol. Moscas varejeiras que circulam sob meu cérebro e se alimentam da podridão de minha alma, fecundam a lama que se acumula em minha boca com o que há de vivo, com o que há de vil, com o que há... Vida! Essa velha bandida que nos dá o que não queremos, que nos serve o que não devemos recusar... Vida! Quando me trouxeram a cabeça em uma bandeja eu ri, ri de mim e ri do mundo. Meu velho amigo, meu velho falso amigo, pra onde caminhamos nesses dias turvos? Para onde vamos enquanto não temos para onde ir? Estaríamos melhor inertes? Plantados sobre o Monte Zion a observar a chuva de balas? Minha cabeça dói! Meu coração encerra uma velha maldição... Eu sei que estou perdido, mas quem não está?! Então, prefiro semear a terra com meus olhos e regar com sangue, meu sangue e o sangue de meu filho. Mas não nutra esperanças vãs, afinal ainda estamos vivos

Edson xavier Ferreira

Ode ao cigarro




A você que alivia minha tensão.
A você que faz subir minha pressão.
Fode e desgraça meu coração.
Suja e aniquila meu pulmão.

'Amigo' sempre presente na hora difícil.
Alimenta e satisfaz o meu vício.
Trás nos momentos de solidão, benefício.
Depois a tosse, o câncer, o suplício.

Não consigo mais me separar de você.
Sem te ter nas mãos e pulmões, não consigo me entreter.
Nem acalmar o meu constante desespero,
Se não sinto sua fumaça, seu cheiro.

Um dia morrerei por sua causa(ou não).
Mas enquanto esse dia não chega,
Contamino a podridão do meu corpo,
Sossego os martírios da minha alma.

POR ELKSON

PARTES E TODOS


Lanugens são deixadas pra trás.
Tuas penduras me satisfazem.
Cada rastro seu merece perseguição.
Adereços responsáveis pela minha tardia vida.
Teus ornatos, Meu cordão umbilical.
Meus adornos são simples.
Sentimento enredado, Solução simples.
Jogue-me em ti, Me chame de teu.
Teus atalhos, Multidões avassaladoras.
Sem ti, Aflição crônica. Mundo anacrônico!
Se és chave, amo teu chaveiro.
Se és geladeira, amo teus ímas.
Quanto as chaves e geladeiras, sobejo extremo.

Mozer Ramos
15/01/08

O FOGO NOSSO DE CADA DIA


foto:João Henrique
O FOGO AMEDRONTAVA OS ANJOS
MAS ALEGRAVA OS DEMÔNIOS
O SOL FAREJAVA AS TARDES
A LUA CHEIRAVA SUAS MADRUGADAS
E EU AMARRADO EM VÍCIOS ENVOLTO EM FEBRES

ME DEEM UM PROPÓSITO E VOS DAREI UM HOMEM SEM CAUSA.
APENAS O VÍCIO DE EXTISTIR ME INTERESSA

ARDER EM CHAMAS
ARDER EM INFÂMIAS
O CALOR DE UMA VAGINA
DE UMA PUTA DE UMA MESSALINA

FOGO!
FOGO!

QUEM ENTRE NÓS NÃO PRECISA DE FOGO ???
ACENDERAM HIROSHIMA
ACENDERAM NAGASAKI
E DEPOIS JOAN D'ARC

O CONTRÁRIO TEM MAIS AVESSOS QUE O RECOMEÇO
E QUANTO MAIS EU DESÇO....
O OPOSTO DE TUDO É COISA NENHUMA
O VAZIO TEM MAIS VÁCUO QUE O FUNDO DO NADA
COISA NENHUMA TEM MAIS NADA QUE A MINHA VIDA
TEOREMAS OBSCUROS, TRIGONOMETRIAS, HIPOTENUSAS.

EU MATO PROFETAS
NÃO ME CONTEM SOBRE A MINHA SEMANA
E NÃO VOS REVELO SEUS AMANHAS

NECESSITO DE CALOR !

QUERO O FOGO NOSSO DE CADA DIA
O SUOR DE EXISTIR. O ODOR DE PERECER
LIBERTINAGEM CASUAIS ME INTERESSAM
DEGREDOS EM DIAS DE TROVÕES NÃO ME ASSUSTAM MAIS
SALVE PROMETEU E SEUS ABUTRES.



VOU EMBORA E DEIXO
O FRIO NA ALMA DO POETA.

JOÃO HENRIQUE

Alumbramento



Teu canto de mar dizia-me coisas
Sobre línguas e chuva,

Naufrágio de bocas em praça pública

( A pele se evaporando em sal )

Perco meus brinquedos
E já não sou mais tão criança.

Nem meus barcos eram assim de papel
No teu córrego noturno.

Toda a tua água, invasão... Delírio.

Quero a tua esquadra de mil canhões
Apontados para o meu peito inerme.

A ferida aberta nos lábios, o gosto de sangue
Diluído em álcool e saliva.

A profusão das tuas mãos
Estrangulando minha última inocência.

Você, a lâmina que liberta meu pulsos
Inoculados de pesadelo

A rebelião dos meus hospícios.

RONALD FREITAS

............


Uma sombra me persegue
eu a persigo
dentro da escuridão
quando ando na noite
à beira do abismo...
Ah! Uma sombra me perseguenos lugares onde vou!
Por todos os dias,
pro resto da minha vida.
uma sombra...uma sombra.
a fumaça dos cigaros...
seu cheiro.
Seu gosto no próximo copo.
Uma sombra...
costurada aos meus pés tal qual Peter Pan.
Quantas noites fugi,
quantas noites a busquei
nos bares,
nas ruas,
nos sonhos
sempre me encontro,
negra sombra,
pisando sobre os teus passos

Edson Xavier Ferreira

O E-DIFÍCIL DE SI MESMO


Cuspi os meu pregos para com eles se edificar a minha nova morada
de mim mesmo habitada.
Lavei com unguento e bálsamo o meu ego de violência auto dirigida.
Condeno a fraqueza apenas dos meus atos sou senhor e escravo.
Dos outros, me entretenho apenas em observar.
Participo do caos contemporâneo como espectador ensimesmado.
O mundo é para mim uma janela
Aonde eu saltarei ao alado céu aberto que me convida a transpor o meu universo.
Como a criança, me entretém com a simplicidade das coisas,
Me perco em cores...
E muito além dessa cinza pálida realidade que cerca...
Tenho sempre vinho a correr em minhas veias
Para contemplar a arte da vida.
E um burburinho universitário traz a tona a lógica
E o en-fado das aulas sem graça.

Por Leidivan Maldito

A queda



Minha mente doente
de forma injusta
para mim mente,
criando ilusões
absurdas e imponentes,
trazendo a tona
meus escritos incompetentes
minha dor e estupidez
e a incoerência que ninguém sente.

Meu corpo doente
caracteriza algo inconsciente
que as pessoas vêem friamente,
que entre tantos seres vis e decentes
é só um corpo doente
que engana toda gente
doente como minha alma
doente como minha mente.

Por Elkson

Televisão



Percebo em flashes desconexos
o absurdo espetáculo hipnótico
do ser concreto e despótico
no mundo mesquinho e caótico
onde vivo moribundo e perplexo.

Tens o poder e a força
comanda de forma alienante
leva alguns ao grito rompante
na tentativa frustrada do levante
que transforma-se na lúcida forca.

Deus-cubo-luminoso-sonoro
apreensiva, a humanidade te venera
e trata como hereges, àqueles, para quem tu és quimera
por mais que sejas vil, tua ilusão, é o que que a multidão espera
enquanto eu, herege, te olho e ignoro.


por Elkson

Vale de lagrimas






Nas asas do mais soberano pássaro
Através do infinito oceano
As lendas misticas de um vale de lagrimas
Refletem o clarão das estrelas
O foco de meus desejos estão navegando em direção ao sol
Para a ilha dos eternos apaixonados
Vaga minha alma elucida pela noite escura e sombria Onde tú estás, amor que me alucina? Meu corpo deseja o teu, Meus lábios fantasiam teu gosto E meu coração anseia pelo momento sublime do amor contigo... Não posso ver o brilho dos teus olhos... Injusta distância que me sega.... Ah! Meu amor... Que amarga são as noites que passo sem ti... Desfaz essa amarga distância e vem logo me amar... Me beije com essa tua boca e me leve ao orgasmo desejado... Sofrimento que flue nas sombras de sua imagem radiante
Que outrora ecoou no silêncio de noites Solitárias Em gemidos ofegantes de prazer do ardente amor Que se alimenta de sentimentos... Desejo teu amor com o máximo de minha vontade
Cavalgue para sempre à frente da linha do sol
Onde as esperanças e os sonhos são a marcha eterna
Onde o nascer sobre o luar do inverno brilha
Sobre a queda das nossas vidas
Choro tua ausência... e escuto apenas o eco dos meus próprios soluços,
Minha alma respira a tristeza da solidão,
Meu coração suspira por perder uma paixão.
Meu espírito se perde
Eu fico sem rumo , perdido
Minha alma cede, meu amor fica sem sentido.
No meu interior profundo , secreto e desconhecido,
Não encontro teu amor pois ele já tinha morrido

Autor: Daniel Bezerra

Castigo

Acordei com o peito apertado
Uma agonia incessante
Lembrei-me de algo
Meu coração dilacerado
Devia ser um sonho
Ao abrir os olhos
Percebi então...
Que eu realmente estava
Vivenciando aquele pesadelo
Que me atormentava noites adentro
Agora esse pesadelo é real
E já não sei mais o que fazer
Sem um rumo certo
Sem um objetivo concreto
Apenas problemas vindo
dilacera a minha vida
Gostosa de ser vivida
Já não a conheço mais
Já não sou mais capaz
Já não sei o que é viver
Se devo passar por isso
Não sei...
Mas o que importa é que
Quem realmente tem paz
Será mais feliz sem mim
Eis aqui minha dor
que me causa até tremor
sentimentos a todo fervor
paixão, decepção, sofrimento, pavor
O que carrego comigo
Fonte ilimitada de amor
Sempre abalada pelo castigo
Vagando!
Chorando!
sem a minha Incansável busca de amparo
Destruído me perco no silencio.



Autor: Daniel bezerra.

As vésperas do acaso





Todas as minhas vidas me cobram dividas que já prescreveram
Em cada manhã me abandono entre fúrias
E me desloco entre madrugadas
Geralmente durmo geralmente acordo
É de vez em quando sou mesmo

Estou as vésperas de me ver
Será dias dos finados ?
Ou outro feriado qualquer sem propósito
Saibam que minha vida não tem medo de morrer

Todas as minhas vidas me cobram dividas que já prescreveram
A vida passada não me abandona jamais
A vida presente faz questão de dizer que existe
A vida futura sempre me ameaça e diz que estar pra chegar

Escrevo para denunciar a mim mesmo e aos outros
Estou ás vésperas do acaso
Feliz do homem que se alimenta de sua fome
Enquanto os outros não comem nada eu simplesmente devoro tudo

JOÃO HENRIQUE

ESQUIZO


Que se danem!
Não tenho maiúsculas alegorizantes. Tenho tédio.
E existe algo mais alegorizante e sublimador
Para o espírito criador e inquieto de um artista do que o tédio?

Que se danem!
Não quero um séquito nem ovelhas ao meu redor.
Em minha companhia, prostitutas e bêbados harmonizam-se simetricamente,
Eles são os demônios alados de ébrias noites pandemônicas sempiternas.
A necrópole é o meu habitat natural,
A fome e o frio adornam o meu espírito esquizofrênico.

Por Leidivan Maldito

ASSOMBRAÇÃO


"O futuro do poeta é ser uma assombração"
( André Bréton )

Olhem só que linda , rara e exótica espécime em vias de extinção.
Essa abominável assombração, como preverá Bréton,
Ainda continua viva (embora moribunda e coxa)
A assombrar os incautos.

E quão grande é a estranheza com que os olhos comuns reagem
Ao se depararem com essa esdrúxula,efêmera e fenomenal figura incotidiana,
Fora de contexto e desgastada pelo desuso e esquecimento.

mas tú vives ainda...
Ò desafortunado, incompreendido e maldito poeta!
Mil vezes maldito és tú, ó pitoresco sobrevivente!
Todos te olham feito turistas em terras desconhecidas.

És tú poeta que, estoicamente habitas esse mero depósito de gente
Que são as cidades tão vazias e inexpressíveis sem a tua arte...
Um dionisíaco brinde a ti, poeta!
resistente sobrevivente das trevas,
Da lúgubre e fria escuridão pútrida
Que é o esquecimento inerte dessa nossa pobre gente.

Amaldiçoado como a alma de um suicida
Vagando esquecido no limbo.
Audacioso a nadar num dia frio, ao esquecimento do sol
Nas águas infernais do Aqueronte.

Ès tú poeta, que desafias o mundo
Criando um novo mundo com a tua profana arte,
Escrevendo sozinho a luz de fúnebres velas...
Ò chama maldita que ilumina os obscuros caminhos
Dessa vida mal-me quer!

E no infame exercício desse profano ofício
Tornas-te a tua vida num estado de loucura e êxtase permanente.
"De profundis clamabo", "ad majorem gloriam ad te!"
ò meu igual, minha ponte quebrada no labirinto do caos!

POR Leidivan Maldito

ROBERTO PIVA AGOSTO DE 1964


O OBJETIVO DE TODA A OBRA DE ARTE E DE TODA A POESIA FOI SEMPRE UMA MENSAGEM DE LIBERTAÇÃO TOTAL DOS SERES HUMANOS ESCRAVIZADOS PELO MASOQUISMO MORAL DOS PRECONCEITOS,DOS TABUS,DAS LEIS A SERVIÇO DE UMA CLASSE DOMINANTE CUJA A OBDIÊNÇIA LEVA-NOS PREGUIÇOSAMENTE A CONCEBER A SOCIEDADE COMO UMA MÁQUINA QUE DECIDE QUEM É NORMAL E QUEM É ANORMAL.PARA A SOCIEDADE UTILITARISTA DO NOSSO TEMPO ,A PROVA MÁXIMA DE NORMALIDADE É A ADAPTAÇÃO DO INDIVÍDUO À FAMÍLIA E À COMUNIDADE.NUMA SOCIEDADE ASSIM ESTRUTURADA,TODAS AS VIRTUDES, DIGO TODAS ,ESTÃO A SERVIÇO DO PRINCÍPIO DA UTILIDADE.

ALTAR AO DESCONEXO


Da alvorada ao crepúsculo
Todos fazem misérias ao próximo
Mas, as igrejas prometem.
E os homens cumprem
O seu vizinho faz guerra
Sua mãe pega um terço
O vigário dar o cu
É sai na televisão.se tem criança
Só nos resta rezar pelas pregas perdidas
Os pais pedem indenização
O iraque vira o crak
Consuma e morra
Guantanamo nudez,sodomia e direitos humanos
Salve Sadam Hussem consegui morrer de forma democrática
Milhões de americamos pediam sua cabeça.

Os sanitários também são felizes
As flores podem ser cheiradas
A merda é sempre a mesma
O que muda é a bunda :
Judia ,árabe,muçulmanos
Africana,sunita,brasileira
Americama.



As bucetas tem poder !
Impérios já caíram por causa delas ,até religião foi criada
Ana Bolena,Cleópatra, Mônica Leviski
O fogo amigo mata mais que a paz armada
O amor já deu mais que o ciúme
E já fudeu tantas contas bancárias

O papa gostava da suástica
E adora retrocesso
A ditadura será que volta?
e a dita branda ?

Acho que vou levar oferendas ao Deus Prozac
Retorcer minhas agonias .Voar pelo mundo encantado do comprimido azul


Tudo me incomoda desde a cera do meu pau até ao catarro do meu adversário
A menopausa da velha macumbeira o cuspe do Tranca Rua
A rotina seca do meu cotidiano
A véspera aziga de um feriado natalino
A proposta de me tornar bom
Minha conta bancária

Quero uma velha fanha
Um peito mole ,a esmola dos franciscanos
vou arrotar o mundo
defecar em Brasília mijar em New York
observar nossa Gothan city brasileira
com seus morcegos de terno e auxílio moradia
em suas últimas honestidades.


Meu altar é minha carne que vaga sem sentido
O rumo que dou a minhas palavras
E a vergonha a revolta .Que dá mil voltas
Em torno de mim.

JOÃO HENRIQUE
 
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